quarta-feira, 11 de junho de 2014

Nada há tão completamente em mim

O Anjo da Morte - Vernet Horace


Nada há tão completamente em mim,
Quanto esta imensa tristeza que assombra
Os recônditos da morada de minha alma.
Nada é tão absurdamente torturante,
Tão perversamente insistente,
Tão afeiçoado à minha melancólica vida.
De mim não se aparta em nenhum momento,
Mesmo no meu minguado sorriso,
Em qualquer mínimo esboço de felicidade,
No mais miserável prazer que possa sentir.
Sempre está lá, sempre uma mancha,
Um zumbido, um pérfido embaraço,
Roubando-me toda a esperança,
Causando-me absoluto desalento.
As horas se arrastam em trevas
E meus olhos se enceguecem
Em meio à enclausurante escuridão.
Sigo, assim, regurgitando o fel dos meus dias,
Ruminando o meu doloroso desespero,
Acorrentado à minha obstinada impotência,
Até que a morte, apiedada, então me sorria,
E assim, por fim, compassiva me liberte.
E tomando-me com delicadeza às mãos,
Dance alegremente comigo uma valsa
No baile da Eternidade.

S. Quimas

Nenhum comentário: