domingo, 22 de junho de 2014

Canto a flor que se abre e vocifera a nossos olhos, ainda

O Filho Pródigo - Magdalena Almy


Canto a flor que se abre e vocifera a nossos olhos, ainda.
A criança que sorri e grita em suas brincadeiras, ainda.
Canto a floresta enxameada de árvores, pássaros, vida, ainda,
Os rios límpidos que serpenteiam até o mar, ainda.
Canto a todos os de boa vontade que são capazes
De se dar por completo sem pedir nada em troca, ainda.
Canto a poesia e os poetas que semeiam seus sentimentos
Nos mais belos versos, dando seu coração nas palavras, ainda.
Canto o meu canto e tudo muito mais além, ainda.
Canto... Canto uma canção sem versos e palavras,
Que é só pureza e sentimento, que brota do coração, ainda.
Porque o tempo urge. É do amor, pelo amor e só,
Que tudo surge, que toda vida se faz. Ainda.
Quem ainda não compreendeu na sua ignorância?
Ainda que eu falasse a língua de Deus... Ainda.
Ainda que o amor que eu dedicasse não fosse sincero?
Que minhas palavras e sentimentos todos fossem vãos?
Que meu próprio ser e o que sou não bastasse? Ainda...
Ainda que nada disso existisse e que promessas
De redenção não tivessem sido feitas. Ainda
Que a miséria fosse solução para o estigma de viver,
Libertação do kharma, extinção das penas. Ainda
Que tudo fosse diferente ou exatamente o mesmo,
Não seria de modo nenhum diferente do que é.
Ainda... Ainda... Ainda...
Tudo, exatamente, tudo ainda é, como sempre foi,
Um passar de horas no tempo que se percebe,
Ou não... Ainda.

S. Quimas

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