sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Taverna

David Teniers the Younger - Tavern Scene

É na taverna que afogo os meus dias,
Assim nada deles restará.
Dias de solidão, enfados, sem propósito,
Do tempo que percorro
Como uma estrada cheia de vilanias e fraquezas,
De uma covardia que só encontra par
Na impotência absurda de minhas atitudes,
Se atitude pode se chamar a paralisia
Que, aviltante, só me mergulha ainda mais
No ostracismo auto imposto ao meu reagir.
Quanta torpeza me reveste,
Feito uma roupa encomendada ao alfaiate,
Costurada sob medida para caber todas as minhas frustrações.
Copos desfilam na minha mesa,
Tal qual fossem um exército cristalino
Combatendo em mim contra toda a verdade.
Só me fazem entorpecer,
Só tiram de mim qualquer vestígio de consciência,
Se consciência eu já possuí de fato.
Sigo assim noite adentro até que meu corpo tombe
E só reste de mim esse trapo humano,
Que porcamente recobre minha alma.
Não há esperança que me levante do chão,
Não, não há qualquer esperança.
A porta da taverna se fecha
E eu tomo meu lugar a um canto da calçada.
As pessoas passam e torcem o nariz
E resmungam qualquer coisa que não entendo.
Fico ali prostrado, um morto-vivo
Empalhado pelo único amigo que possuo:
O álcool que me mata a cada gole,
Mas que me é consolador.
Quando o dia clareia e se firma o sol no céu,
De novo dou meu braço à morte
E seguimos juntos para o primeiro bar que abre.

S. Quimas

quarta-feira, 13 de março de 2013

"Habemos"! Mas do que realmente precisamos...




Chega de elegermos deuses e heróis.
O que precisamos é de tomarmos vergonha na cara e agirmos com ética e decência.
O que precisamos é trabalharmos em nossas insuficiências e respondermos por nossas atitudes. Enfrentarmos a vida assumindo que erramos a todo tempo, que somos humanos e não anjinhos encarnados.
Precisamos parar de jogar nas costas dos cristos a solução para nossa pobreza espiritual e verdadeiramente nos comprometermos com o Bem.
Chega do ópio das religiões que só turva a realidade da miséria em que se encontra nossas almas, indiferente ao destino dos nossos próximos e da Natureza.
O ser humano precisa é de vergonha na cara e de tomar uma atitude positiva, que contribua realmente para a promoção humana e possibilite também o desenvolvimento dos demais seres.
Chega dessa barrela filosófica que só estende a agonia terrestre, seja nossa, seja pelo mal que causamos à Natureza.
Provemos que somos "sapiens" de fato e não esses débeis mentais infantilizados que necessitam das tetas da mãe representadas por essas instituições que nos querem infantilizados diante da Vida.


Luz e paz.

S. Quimas

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Arte: Woe (Aflição) por Joshua LaRock.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Pensamentos em Imagens - 2


Todos nós passamos a nos tornar realmente humanos, quando abandonamos a posição cômoda do nosso egoísmo e passamos a praticar com maior constância e intensidade o amor ao próximo.

Luz e paz.

S. Quimas

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sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Pirulito




Estava ali deitado, arfante, num canto da calçada. Caia uma chuva grossa e insistente. As poças se formavam, refletindo as luzes dos postes e lojas na vizinhança. Na rua, os carros passavam e vez por outra, ao cruzar com uma poça levantavam um esguicho d’água, molhando as calçadas. Naquele canto, numa caixa de papelão, Pirulito agonizava. Ninguém reparava. Todos passavam inconscientes da sorte do animal.
Era um cão alegre e muito dócil. Sua mãe, uma cadela de rua, havia dado cria e teve quatro filhotes: Pirulito e mais três cadelinhas. Ele, como as irmãs, tinham a pelagem com grandes manchas, que iam do marrom claro ao preto. Contudo, Pirulito tinha uma mancha peculiar na testa, uma espécie de círculo amarronzado que tinha um traço na base, lembrando um pirulito, daí o seu nome.
A mãe havia parido as crias em um beco próximo e os criou até que, adultos, seguiram seu próprio destino, sendo que ela, para consternação da vizinhança, morreu atropelada uma noite por um carro, enquanto fuçava alguma coisa num canto da rua. Não se sabe ao certo se o motorista fora o culpado. O que fazer? É o destino. Quanto às irmãs, nunca mais se soube delas.
Pirulito foi apadrinhado pelos lojistas, que garantiam água e o alimento de cada dia e lhe davam guarita em um canto da calçada, que recuava na parede de uma das lojas, devido à arquitetura dessa loja. Punham ali uma caixa e alguns trapos, que eram regularmente trocados, para que o animal não passasse desconforto, principalmente nos dias e noites de inverno.
Sempre pelas manhãs, ao ouvir o abrir das portas, o cão se dirigia para o local. Vinha abanando o rabo e latindo cheio de alegria. Sempre era festejado. Alguns comerciantes davam-lhe biscoitos, ou restos que traziam em sacolas de suas casas. Pirulito não poderia desejar vida melhor. Tinha o alimento, a sua casa e, principalmente, o carinho das pessoas. Mesmo os transeuntes não se incomodavam com sua presença e muitos o acariciavam, comovidos pela sua alegria e disposição para brincar.
Contudo, naquele dia Pirulito estava sozinho. Era domingo e as lojas estavam fechadas. Só uma lanchonete no fim da rua, esquina com a principal, encontrava-se com suas portas abertas. Ninguém havia notado sua ausência. Sua porção dupla de ração, servida numa vasilha no sábado à noite, mal havia sido tocada. Não tinha fome. Estava doente.
Às vezes abria ligeiramente os olhos, mas não tinha forças suficientes para se erguer. Sucumbia à dor. Terminava. E assim, passou as horas daquele domingo, prostrado, praticamente sem se mover.
Aos poucos a respiração foi falhando, o coração foi se tornando cada vez mais fraco, até que Pirulito espirou e a vida abandonou o seu corpo. Só a chuva lhe testemunhou a partida, só ela o acompanhou. Quem sabe, não teria ela vindo lhe buscar?
Na manhã de segunda-feira, um dos comerciantes se aproximou da caixa e chamando por Pirulito, não obteve resposta. Ao tocar o animal, notou a rigidez do corpo. Pirulito estava morto. Ficou parado diante do corpo. Uma lágrima desceu-lhe dos olhos.
— Adeus, Pirulito. Que Deus tenha uma caixinha para você num canto de uma caçada qualquer no Céu!



Luz e paz.

S. Quimas

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quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Tempos Modernos

Maserati Birdcage 75th Concept


Era um desses automóveis de última geração. Havia custado uma fábula, mas valia cada centavo pago. Todo eletrônico: computador de bordo, GPS, DVD player com USB para pendrive, estacionava sozinho, radar para evitar choques, e por aí vai. O suprassumo da indústria automobilística carregado de parafernálias computadorizadas.
Contudo, o mais fantástico naquela máquina, que fazia de zero a cem quilômetros em segundos, era o sistema inteligente, espécie de autômato que cuidava de todo o funcionamento do carro, avisando de possíveis problemas, de que o combustível estava acabando, enfim, controlando, todos os detalhes de navegação. Bastava ao motorista entrar, plugar a chave eletrônica, pedir ao sistema que programasse o trajeto, pedir que desse a partida, e... voilá! O carro ia embora pelo caminho, sem sequer haver a necessidade de ser dirigido pelo condutor. O próprio carro se encarregava de chegar ao local determinado de modo totalmente autônomo. Esse sim, um AUTOmóvel de verdade. Um luxo!
Nesse dia, o biliardário, dono do veículo foi até a garagem e resolveu dispensar o motorista.
— Hoje você pode folgar, Antônio. Vou dirigindo o meu automóvel novo.
Antônio, o motorista, pensou lá com seus botões: “Dirigindo? Hum! Essa máquina faz tudo sozinha! Só falta servir cafezinho. Estou vendo que meu emprego vai durar pouco. Melhor aproveitar a folga e já vendo se acho outro...”.
— Pois não, Senhor Roberto. Qualquer coisa, estarei com o meu celular. — Disse o motorista ao patrão, retirando-se para sua casa em seguida.
Roberto parou por alguns instantes diante da máquina, que mais parecia uma nave espacial com rodas, e disse embevecido:
— Vamos lá, meu disco voador, me leve para o trabalho. Vamos matar de inveja essa gente toda!
Deu dois tapinhas no capô e se dirigiu à porta do lado do motorista.
— Carro, abra a porta! — Disse Roberto para o automóvel, que imediatamente cumpriu suas ordens.
Sentou-se no banco, pôs o cinto de segurança, introduziu a chave no painel e novamente ordenou para o carro:
— Carro, feche a porta! — A porta se fechou.
— Carro, dê partida! — Nada.
— Carro, dê partida! — Nada novamente.
Embatucado com a atitude do automóvel, Roberto esbravejou:
— Mas que diabos está acontecendo com esse carro maluco?
De repente, para a surpresa do dono, o automóvel lhe responde:
— A partida só pode ser dada pelo comando do proprietário.
— Ora, diabo de carro maluco, eu sou o proprietário. Dê a partida agora!
— A voz de comando não pode ser identificada pelo sistema de bordo. Por favor, identifique-se.
Já impaciente, com o rosto avermelhado pela raiva que estava sentindo, Roberto cedeu ao pedido:
— Roberto Santa Rosa.
— Repita o código alfanumérico cadastrado no sistema.
— L23... A12... G19... O67.
— O código confere.
“Ufa!” Pensou Roberto, dando um suspiro de alívio.
— Então vamos lá! Carro, dê a partida.
— A partida não pode ser dada. — Disse o carro mais uma vez para desespero de Roberto.
— Mas que diabo! O código não confere? Por que não pode dar a partida agora? — Gritou Roberto, já com vontade de esmurrar o painel de tão irado estava.
— O sistema detecta que o tanque está sem combustível. Encha o tanque para dar a partida. — Pediu o carro para Roberto.
— Droga! Só faltava essa! Sem combustível. Vou matar o Antônio... — Exclamou o enraivecido proprietário. — Carro, abra a porta.
Roberto retirou o cinto de segurança e foi a um canto da garagem, onde havia um reservatório de combustível. Pegou a mangueira, encheu um galão e voltou para o carro, carregando o tanque com combustível suficiente para dar a partida e poder estacionar mais próximo ao reservatório e completá-lo.
— Pronto, agora temos combustível. — Falou Roberto, entrando novamente no automóvel e seguindo o ritual de antes.
— Carro, dê a partida!  — Esperou alguns segundos. Nada. O carro não dava a partida.
— A partida não pode ser dada. Pneus necessitam ser calibrados.
Roberto já estava atrasado pelo menos uns vinte minutos e ainda teria que encher o tanque antes de sair. Estressado ao extremo com a situação, não pode evitar esmurrar o painel do automóvel. Machucou a mão com a atitude, o que o deixou ainda mais irado.
— Merda de lata-velha irritante! — Esbravejou enfurecido.
Segundos depois, começou a sair um fio de fumaça de uma das áreas do painel.
— Droga, agora essa porcaria está pegando fogo. Carro, abre a porta!
Silêncio. Nenhuma resposta.
— Mas que é que está havendo? Droga, droga, droga! Queimou o computador. Agora eu estou perdido! Droga!
Roberto, aflito, pegou o celular do bolso do paletó e tentou ligar para casa para que alguém viesse ajudá-lo. Sinal de ocupado. Tentou outra vez. Ainda ocupado. Tentou buzinar. O sistema elétrico do carro havia sido cortado.
— Alô, Senhor Roberto! Algum problema? — Era Antônio atendendo uma chamada do patrão em desespero.


Luz e paz.

S. Quimas

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quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Transformação Interior

Charles Sprague Pearce (1851-1914) - Joanna D'Arc



Ninguém se transforma apenas pelo suceder dos dias em sua vida. É necessário que se busque o autoaperfeiçoamento de modo constante, laborando nas próprias imperfeições, transcendendo as muitas limitações, buscando afinidade com Bem e o melhor de si mesmo.
A Vida é o palco onde a Consciência materializa os seus desejos e aprende a governá-los, buscando a perfeita empatia com o seu Centro Espiritual, o Eu Superior.
Não é só a mera repetição de ações que origina a mutação do Ser em algo mais perfeito, mas estar de fato presente em tudo o que realiza. O instrumento não aprende, quem aprende é Aquele que o utiliza, assim como não são a mente e os sentimentos os discípulos, mas a Centelha Divina que todos nós somos portadores.


Luz e paz.

S. Quimas

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terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

O Fim do Mundo



Quando o último ser humano capaz de se indignar com o Mal e todas injustiças morrer, finalmente este mundo terá acabado.


Luz e paz.

S. Quimas

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Similia


Ilustração: Norman Rockwell


Muitas vezes a questão principal não é exatamente aquilo que se lê. Mas a afinidade espiritual que se estabelece com o texto lido.

A Paz no Mundo



A Paz só será possível no mundo, quando todas as fábricas de armas forem substituídas por escolas.

Luz e paz.

S. Quimas

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A velha violeira




Já se vão muitos anos desde o nosso último encontro. A estrada tortuosa e empoeirada, margeada por cercas de arame farpado, pelo capim e arbustos semeados pelo vento e pássaros. Caminho salpicado de flores: margaridas, marias-sem-vergonha, botões-de-ouro, uma miríade de pequenas flores do campo, espargidas pelas mãos diligentes da Natureza. Pássaros de várias cores e cantos alegres, saltitando entre os galhos das árvores. Aqui, um sabiá bicando uma fruta madura, ali, um bem-te-vi cantando no alto da araucária. Bandos voando por sobre o capim, buscando sementes para o dejejum: bico-de-lacres, coleiros, tizios. Tudo isso me trazia à lembrança da Sexta Sinfonia, a Pastoral de Beethoven, com seus compassos deliciosos pintando com notas o quadro do campo.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Sinceridade e Amor

Pintura de Frank Cadogen Cowper


A sinceridade sem o Amor não passa de um instrumento da vaidade e da arrogância.


Luz e paz.

S. Quimas

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Feitiço para Conquistar a Pessoa Amada

Ilustração: Norman Rockwell



A maior mandinga que se pode fazer para conquistar a pessoa que se deseja é devotar a ela Amor Sincero.
Só o verdadeiro Amor é capaz de unir de fato duas pessoas, e não qualquer outro tipo de artifício que se possa usar.
O Amor é algo que se recebe de quem a gente primeiramente dedica a mesma coisa.


Luz e paz.

S. Quimas

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sábado, 2 de fevereiro de 2013

Profeta Gentileza

Profeta Gentileza



Nada é mais profundo do que a vontade de fazer o Bem.
Uns vêm à Vida para destruí-la, para diminuir.
Mas que bom, que outros na sua pureza de intenções, venham para somar e através de suas palavras e atitudes, mostrar que basta que desejemos, através de pequenos gestos, possa ser que não transformemos o "mundo", mas que podemos transformar algumas vidas.
Profeta Gentileza, você é uma pessoa fantástica!


Luz e paz.

S. Quimas

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Compartilhando o Amor

Photo: http://www.childfund.org



Não há sentido em nossa existência e humanidade quando perdemos a nossa capacidade de sermos sensíveis às questões de outros seres humanos.
O que nos torna de fato humanos é a nossa capacidade de amar e o desejo profundo de compartilhar esse amor com nossos semelhantes.


Luz e paz.

S. Quimas

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Pessoa do Bem

Jesus, ignorado pelos comuns - Fernando Botero




Só uma coisa pode de fato demonstrar que alguém é uma pessoa do Bem, o seu agir.


Luz e paz.

S. Quimas

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sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Pergolesi - Stabat Mater (1736)

Giovanni Battista Pergolesi


Pode-se ser até ateu, mas é impossível ficar indiferente à divindade explícita nesta música.
Eu não tenho uma visão de Deus como algo humano, um velho sentado num trono cercado de nuvens num céu inatingível. Para mim Deus é essa energia poderosa de Amor e Vida que permeia todos os universos.
A arte o tem revelado em todos os tempos. Quem tem ouvidos de ouvir, ouça. Quem tem olhos de ver, veja. Quem não tem, sinto, perderá a oportunidade da Beleza.




Luz e paz.

S. Quimas

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quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Pichação


Calvin and Hobbes - Bill Watterson


Já pintei muitos quadros, algumas centenas....
Já escrevi muitos textos...
Já lutei muito pela paz e botei bastante o "meu" na reta na década de 70.
Já vivi e errei tantas vezes que acho que a matemática não tem números para contar.
Não sou ninguém especial, sou apenas um ser humano, com todas as suas idiossincrasias (quem não souber que diabos é isso, aconselho um dicionário).
A vida não é para ser queixada, é para simplesmente ser vivida...
Nada é simples, mas nada também é sem solução:
Se não puder mudar, não mude.
Se não estiver a fim, não faça.
Se se aborrecer, pule, grite, xingue...
Seja verdadeiro, sincero, o quanto puder.
Você terá um naco de amigos, mas pode apostar: serão reais e não um bando de puxa-sacos que frontalmente te acariciarão, mas por trás conspirarão contra você.
Sou assim: franco, sincero, chato, amoroso, carinhoso, genial às vezes, burro numas outras tantas, inábil para viver num mundo de construções fantasísticas, onde as pessoas seguem modelos e não à si mesmas.
Muitas vezes, amigos me aconselham a não me expor...
Eu falo para eles: eu vim à vida a "vero" e não para ficar em cima do muro.
No muro eu não sou as pedras... sou a pichação!
Viva a Anarquia! Viva a Liberdade! Viva a Consciência!
Viva a Vida e o Amor!


Luz e paz.

S. Quimas

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Cultivando a virtude

Samaritan Woman (A Mulher Samaritana): Simon Dewey



Uma das maiores virtudes humanas que podemos cultivar é a de estarmos conscientes de nossas capacidades e trabalharmos incessantemente as nossas limitações e fragilidades visando superá-las.
Ao nos esforçarmos por nos tornarmos melhores, acabamos por estimular aos outros ao nosso redor para que façam o mesmo. O exemplo é superior à crítica simples e pura, pois ao realizarmos algo, demonstramos que não temos apenas uma ideia, não permanecendo apenas no plano da intenção, porém, que realmente acreditamos no que pensamos, e por darmos grande valor a isto, pomos em prática.
Virtude não é algo inato, é o resultado do constante trabalho na busca do melhor de si mesmo.



Luz e paz.

S. Quimas

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quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Ser presente no mundo virtual e não ser apenas virtual

Mafalda por Quino



Uma amiga fez para mim um comentário em que ela reclamava — e cheia de razão — de que alguns de seus contatos (pois “amigos” são raros) nas redes sociais se comportam de modo muito estranho: são, até mesmo, pessoas de postura aparentemente correta, mas que quando arguidas sobre algo, disfarçam e “saem pela tangente”, dizendo não querer se expor.
Tudo bem, é direito de todos não se expor. Mas fato interessante, muita gente é “fake”, usando não do próprio nome, mas inventado um personagem com o qual interage com as outras pessoas, como se pessoa real o fosse. Interessante quando se quer produzir um efeito cômico, o que chamamos no Brasil: fazer uma gozação. Contudo, qual é o medo de ser real, de ser uma pessoa de fato e se expor?
Não dou a “expor” a conotação de partilhar em qualquer rede social coisas pessoais ou íntimas, digo expor no sentido de ser real e ativo, de ser coerente com a própria opinião e se manifestar como se manifestaria “alive” e não usando de dissimulação e concessão apenas para ser agradável, politicamente correto.
Eu sou um péssimo exemplo de amigo virtual: quando tenho que falar eu falo, digo palavrão quando acho que tenho que dizer, discordo quando “não concordo”, uso meu nome real, amo, odeio, se tiver que criticar, critico, elogio sempre que me agrada algo; enfim, uso da maior sinceridade possível, mas evito a arrogância, pois como sempre afirmei, quem está do outro lado da tela é real e não uma máquina.
As redes sociais objetivam a interação. Seguir alguém por qualquer motivo que seja e não interagir é infringir a primeira regra: interação. Interagir, segundo o Houaiss, é: “ter comunicação, diálogo (com outrem) em dada situação (familiar, profissional, etc.); comunicar-se, relacionar-se”.
Para mim, muitas vezes a timeline das redes sociais parece “sessão de descarrego”, um amontoado de gritos e clamores de pessoas solitárias tentando chamar a atenção. Não são todos, mas a maioria carrega uma ânsia de ser percebido, notado, extrema. Postam qualquer porcaria, apenas para ser notados. Porém, falar de conteúdo relevante fica para outro texto...

Luz e paz.

S. Quimas

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terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Amor e perdão

Velho homem no limite da tristeza - Pintura de Vincente Van Gogh.



Ninguém é tão superior que não possa humildemente admitir um erro e pedir perdão por ter falhado.
Aliás, o que realmente demonstra a elevação de um espírito é sua capacidade de amar "apesar de...", de ser humilde e ter consciência de seus limites, e de ser capaz de perdoar.
Todos estamos no mesmo barco... erramos... pecamos muitas vezes mais contra quem amamos do que em relação àqueles que nos são distantes.
Amar é uma busca e não uma questão totalmente resolvida.


Luz e paz.

S. Quimas

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sábado, 26 de janeiro de 2013

Urgência


Pintura de Vasily Polenov


É preciso urgência em escancarar as portas de nossas almas
E de corações abertos e com um sorriso franco rasgado em nossos rostos,
Abraçarmos quantos puder e em todo o tempo em que vivermos.
É preciso urgência em resgatar o Amor, a Verdade e a Sinceridade
Em nossas vidas sedentas de Paz Interior e famintas de humanidade.
É preciso urgência por atos heroicos em dizer “não” para tudo
O que ofende, discrimina, maltrata, escraviza e submete.
É preciso urgência em resolver as injustiças e as desigualdades,
A violência e as guerras, a indiferença com o sofrimento e dores alheias.
É preciso urgência em banir de nossa existência as banalidades,
As futilidades, o superficialismo que nos torna prisioneiros
Do que há de menor em nossos espíritos e vidas.
É preciso urgência em tomar as ruas e gritarmos a toda voz,
Exigindo compromisso dos governos em atender às necessidades das populações,
Em fazerem o melhor e respeitarem toda a confiança que lhes foi depositada.
É preciso urgência no pão que alimenta a quem tem fome,
Na água para aqueles que têm a garganta seca,
Na educação que valorize o homem e não naquela que o aliena,
Na real e equânime oportunidade para todos para que se desenvolvam e progridam.
É preciso urgência no Bem e no abandono de hábitos que nos corrompem,
Que nos tornam incapacitados ao contato com nosso Deus Interior.
Enfim, é preciso mais do que urgência em nos tornamos verdadeiramente
Humanos.



Luz e paz.

S. Quimas

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sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

A beleza

Retrato de uma senhora idosa - Foto: Kojin's Weblog



A beleza é algo imponderável que pertence mais ao olhar do que ao objeto em si.
Há algo de fantástico nessas rugas, nessa expressão do olhar que é capaz de transformar nosso dia. Também, nos transmite a segurança de que quando envelhecermos, quando pesarem sobre nós os anos vividos, ainda assim, estaremos jovens, pois nosso espírito não pertence a tempo nenhum.
Há algo de fascinante na vida, nessa vida intensamente vivida. Vivida a cada instante, tendo por maior tesouro o tempo, cada fração de segundo, no observar que cada instante é uma oportunidade única no caleidoscópio da existência.
Quanta beleza nesses lábios, que tantas vezes se moveram para acariciar corações e em outras tantas para trazer uma palavra de aviso, de correção, na tentativa de poupar dissabores pela prática errada. Pois o Amor, também é educar e jamais se omitirá frente à injustiça, frente ao erro. O Amor é sempre presente e persegue o bem, deseja o melhor e dá-se por completo.
Quanta beleza se extrai de tudo o que nos cerca e que oportunidade maravilhosa é a Vida. Basta que vivamos... assim, simplesmente, vivamos. E quando formos bastante idos em anos, olhar para trás e termos a certeza que vivemos intensamente cada segundo que nos foi concedido e amamos o mais possível.
Um brinde à Vida! Um brinde ao amor!


Luz e paz.

S. Quimas

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Coisas Importantes e Coisas Essenciais

The bunch of grapes (1868) - Pintura por William-Adolphe Bouguereau



Na vida há coisas de extrema importância e aquelas que são essenciais.
O alimento, a água, o abrigo são essenciais.
Contudo, não somos apenas a matéria. Para que a alma humana sobreviva e permaneça íntegra e fiel à sua natureza é "essencial" à ela o Amor.
Sem Amor a alma se degrada e inviabiliza a sua conexão com canais mais íntimos do seu Espírito, tornando-se assim distante das fontes do Sublime, do contato com seu Deus Interior.
Na vida, devemos buscar o pão, mas também cultivar esse elemento essencial: o Amor, fonte de toda a plenitude espiritual.


S. Quimas



Luz e paz.

S. Quimas

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quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Flor (Poesia)




Suspiro...
Em mim a dor.
Suspiro...
Em mim a flor.
Toda a possibilidade:
O fruto... a semente...
Outro dia.
Tudo novo...
Ou... novamente.



Luz e paz.

S. Quimas

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A Vida é uma Escola


“Jacob’s View”  pintura por Randal May


Há duas coisas na existência de uma pessoa que praticamente não podem ser alteradas: o nascimento e a morte.
Contudo, o restante do que é vivido depende em muito da reação de cada um, dos seus pensamentos e sentimentos, e, principalmente, de suas ações.
Somos muito influenciados e, até mesmo, manipulados pelo meio em que vivemos, porém, nem tudo o que nos chega tem força suficiente para nos submeter.
Se abrirmos mão de nossa individualidade deverá ser por algo nobre e não simplesmente por medo, acomodação, ou covardia.
A vida é extremamente preciosa. É uma escola na qual cada aluno é o principal responsável por seu desempenho.
Culpar à vida, aos outros e às contingências é sinal da mais profunda ignorância em relação à ela.
A vida nos proporciona as aulas, mas somos nós que temos a obrigação de extrair o máximo de cada lição oferecida.


S. Quimas

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