terça-feira, 24 de junho de 2014

A minha lucidez é sinal de morte

Auto-Retrato - Gustave Courbet


A minha lucidez é sinal de morte,
Daqui parto. Não há dor nisso.
Nenhuma. Retornar...
Ah, que felicidade!
Eu que tenho sido execrável
Para esse mundo, um pária.
Que faço aqui se não sou conforme?
Se minha alma incomoda?
Eu que faço poemas e sou abjeto?
Leiam-me todos.
Ou nenhum...
Não importa.
Não procuro público. Não.
Procuro sensíveis...
Pessoas que como eu
A palavra ainda importe.
Que digam ainda algo.
Estou calmo.
Simplesmente, perfeito.
Não seria assim?
E tu? Onde estás?
Eternamente no que Sou.
Não és lembrança...
És presença. O que sou.
És toda minha vida.
Mas onde estás
Que não ouves a mim?

S. Quimas

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