terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Pensamentos em Imagens - 2


Todos nós passamos a nos tornar realmente humanos, quando abandonamos a posição cômoda do nosso egoísmo e passamos a praticar com maior constância e intensidade o amor ao próximo.

Luz e paz.

S. Quimas

Veja também:


sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Pirulito




Estava ali deitado, arfante, num canto da calçada. Caia uma chuva grossa e insistente. As poças se formavam, refletindo as luzes dos postes e lojas na vizinhança. Na rua, os carros passavam e vez por outra, ao cruzar com uma poça levantavam um esguicho d’água, molhando as calçadas. Naquele canto, numa caixa de papelão, Pirulito agonizava. Ninguém reparava. Todos passavam inconscientes da sorte do animal.
Era um cão alegre e muito dócil. Sua mãe, uma cadela de rua, havia dado cria e teve quatro filhotes: Pirulito e mais três cadelinhas. Ele, como as irmãs, tinham a pelagem com grandes manchas, que iam do marrom claro ao preto. Contudo, Pirulito tinha uma mancha peculiar na testa, uma espécie de círculo amarronzado que tinha um traço na base, lembrando um pirulito, daí o seu nome.
A mãe havia parido as crias em um beco próximo e os criou até que, adultos, seguiram seu próprio destino, sendo que ela, para consternação da vizinhança, morreu atropelada uma noite por um carro, enquanto fuçava alguma coisa num canto da rua. Não se sabe ao certo se o motorista fora o culpado. O que fazer? É o destino. Quanto às irmãs, nunca mais se soube delas.
Pirulito foi apadrinhado pelos lojistas, que garantiam água e o alimento de cada dia e lhe davam guarita em um canto da calçada, que recuava na parede de uma das lojas, devido à arquitetura dessa loja. Punham ali uma caixa e alguns trapos, que eram regularmente trocados, para que o animal não passasse desconforto, principalmente nos dias e noites de inverno.
Sempre pelas manhãs, ao ouvir o abrir das portas, o cão se dirigia para o local. Vinha abanando o rabo e latindo cheio de alegria. Sempre era festejado. Alguns comerciantes davam-lhe biscoitos, ou restos que traziam em sacolas de suas casas. Pirulito não poderia desejar vida melhor. Tinha o alimento, a sua casa e, principalmente, o carinho das pessoas. Mesmo os transeuntes não se incomodavam com sua presença e muitos o acariciavam, comovidos pela sua alegria e disposição para brincar.
Contudo, naquele dia Pirulito estava sozinho. Era domingo e as lojas estavam fechadas. Só uma lanchonete no fim da rua, esquina com a principal, encontrava-se com suas portas abertas. Ninguém havia notado sua ausência. Sua porção dupla de ração, servida numa vasilha no sábado à noite, mal havia sido tocada. Não tinha fome. Estava doente.
Às vezes abria ligeiramente os olhos, mas não tinha forças suficientes para se erguer. Sucumbia à dor. Terminava. E assim, passou as horas daquele domingo, prostrado, praticamente sem se mover.
Aos poucos a respiração foi falhando, o coração foi se tornando cada vez mais fraco, até que Pirulito espirou e a vida abandonou o seu corpo. Só a chuva lhe testemunhou a partida, só ela o acompanhou. Quem sabe, não teria ela vindo lhe buscar?
Na manhã de segunda-feira, um dos comerciantes se aproximou da caixa e chamando por Pirulito, não obteve resposta. Ao tocar o animal, notou a rigidez do corpo. Pirulito estava morto. Ficou parado diante do corpo. Uma lágrima desceu-lhe dos olhos.
— Adeus, Pirulito. Que Deus tenha uma caixinha para você num canto de uma caçada qualquer no Céu!



Luz e paz.

S. Quimas

Veja também:

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Tempos Modernos

Maserati Birdcage 75th Concept


Era um desses automóveis de última geração. Havia custado uma fábula, mas valia cada centavo pago. Todo eletrônico: computador de bordo, GPS, DVD player com USB para pendrive, estacionava sozinho, radar para evitar choques, e por aí vai. O suprassumo da indústria automobilística carregado de parafernálias computadorizadas.
Contudo, o mais fantástico naquela máquina, que fazia de zero a cem quilômetros em segundos, era o sistema inteligente, espécie de autômato que cuidava de todo o funcionamento do carro, avisando de possíveis problemas, de que o combustível estava acabando, enfim, controlando, todos os detalhes de navegação. Bastava ao motorista entrar, plugar a chave eletrônica, pedir ao sistema que programasse o trajeto, pedir que desse a partida, e... voilá! O carro ia embora pelo caminho, sem sequer haver a necessidade de ser dirigido pelo condutor. O próprio carro se encarregava de chegar ao local determinado de modo totalmente autônomo. Esse sim, um AUTOmóvel de verdade. Um luxo!
Nesse dia, o biliardário, dono do veículo foi até a garagem e resolveu dispensar o motorista.
— Hoje você pode folgar, Antônio. Vou dirigindo o meu automóvel novo.
Antônio, o motorista, pensou lá com seus botões: “Dirigindo? Hum! Essa máquina faz tudo sozinha! Só falta servir cafezinho. Estou vendo que meu emprego vai durar pouco. Melhor aproveitar a folga e já vendo se acho outro...”.
— Pois não, Senhor Roberto. Qualquer coisa, estarei com o meu celular. — Disse o motorista ao patrão, retirando-se para sua casa em seguida.
Roberto parou por alguns instantes diante da máquina, que mais parecia uma nave espacial com rodas, e disse embevecido:
— Vamos lá, meu disco voador, me leve para o trabalho. Vamos matar de inveja essa gente toda!
Deu dois tapinhas no capô e se dirigiu à porta do lado do motorista.
— Carro, abra a porta! — Disse Roberto para o automóvel, que imediatamente cumpriu suas ordens.
Sentou-se no banco, pôs o cinto de segurança, introduziu a chave no painel e novamente ordenou para o carro:
— Carro, feche a porta! — A porta se fechou.
— Carro, dê partida! — Nada.
— Carro, dê partida! — Nada novamente.
Embatucado com a atitude do automóvel, Roberto esbravejou:
— Mas que diabos está acontecendo com esse carro maluco?
De repente, para a surpresa do dono, o automóvel lhe responde:
— A partida só pode ser dada pelo comando do proprietário.
— Ora, diabo de carro maluco, eu sou o proprietário. Dê a partida agora!
— A voz de comando não pode ser identificada pelo sistema de bordo. Por favor, identifique-se.
Já impaciente, com o rosto avermelhado pela raiva que estava sentindo, Roberto cedeu ao pedido:
— Roberto Santa Rosa.
— Repita o código alfanumérico cadastrado no sistema.
— L23... A12... G19... O67.
— O código confere.
“Ufa!” Pensou Roberto, dando um suspiro de alívio.
— Então vamos lá! Carro, dê a partida.
— A partida não pode ser dada. — Disse o carro mais uma vez para desespero de Roberto.
— Mas que diabo! O código não confere? Por que não pode dar a partida agora? — Gritou Roberto, já com vontade de esmurrar o painel de tão irado estava.
— O sistema detecta que o tanque está sem combustível. Encha o tanque para dar a partida. — Pediu o carro para Roberto.
— Droga! Só faltava essa! Sem combustível. Vou matar o Antônio... — Exclamou o enraivecido proprietário. — Carro, abra a porta.
Roberto retirou o cinto de segurança e foi a um canto da garagem, onde havia um reservatório de combustível. Pegou a mangueira, encheu um galão e voltou para o carro, carregando o tanque com combustível suficiente para dar a partida e poder estacionar mais próximo ao reservatório e completá-lo.
— Pronto, agora temos combustível. — Falou Roberto, entrando novamente no automóvel e seguindo o ritual de antes.
— Carro, dê a partida!  — Esperou alguns segundos. Nada. O carro não dava a partida.
— A partida não pode ser dada. Pneus necessitam ser calibrados.
Roberto já estava atrasado pelo menos uns vinte minutos e ainda teria que encher o tanque antes de sair. Estressado ao extremo com a situação, não pode evitar esmurrar o painel do automóvel. Machucou a mão com a atitude, o que o deixou ainda mais irado.
— Merda de lata-velha irritante! — Esbravejou enfurecido.
Segundos depois, começou a sair um fio de fumaça de uma das áreas do painel.
— Droga, agora essa porcaria está pegando fogo. Carro, abre a porta!
Silêncio. Nenhuma resposta.
— Mas que é que está havendo? Droga, droga, droga! Queimou o computador. Agora eu estou perdido! Droga!
Roberto, aflito, pegou o celular do bolso do paletó e tentou ligar para casa para que alguém viesse ajudá-lo. Sinal de ocupado. Tentou outra vez. Ainda ocupado. Tentou buzinar. O sistema elétrico do carro havia sido cortado.
— Alô, Senhor Roberto! Algum problema? — Era Antônio atendendo uma chamada do patrão em desespero.


Luz e paz.

S. Quimas

Veja também:


Licença Creative Commons
O trabalho Tempos Modernos (Conto) de S, Quimas - Brasil foi licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivados 3.0 Não Adaptada.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Transformação Interior

Charles Sprague Pearce (1851-1914) - Joanna D'Arc



Ninguém se transforma apenas pelo suceder dos dias em sua vida. É necessário que se busque o autoaperfeiçoamento de modo constante, laborando nas próprias imperfeições, transcendendo as muitas limitações, buscando afinidade com Bem e o melhor de si mesmo.
A Vida é o palco onde a Consciência materializa os seus desejos e aprende a governá-los, buscando a perfeita empatia com o seu Centro Espiritual, o Eu Superior.
Não é só a mera repetição de ações que origina a mutação do Ser em algo mais perfeito, mas estar de fato presente em tudo o que realiza. O instrumento não aprende, quem aprende é Aquele que o utiliza, assim como não são a mente e os sentimentos os discípulos, mas a Centelha Divina que todos nós somos portadores.


Luz e paz.

S. Quimas

Veja também:


terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

O Fim do Mundo



Quando o último ser humano capaz de se indignar com o Mal e todas injustiças morrer, finalmente este mundo terá acabado.


Luz e paz.

S. Quimas

Veja também:

Similia


Ilustração: Norman Rockwell


Muitas vezes a questão principal não é exatamente aquilo que se lê. Mas a afinidade espiritual que se estabelece com o texto lido.

A Paz no Mundo



A Paz só será possível no mundo, quando todas as fábricas de armas forem substituídas por escolas.

Luz e paz.

S. Quimas

Veja também:

A velha violeira




Já se vão muitos anos desde o nosso último encontro. A estrada tortuosa e empoeirada, margeada por cercas de arame farpado, pelo capim e arbustos semeados pelo vento e pássaros. Caminho salpicado de flores: margaridas, marias-sem-vergonha, botões-de-ouro, uma miríade de pequenas flores do campo, espargidas pelas mãos diligentes da Natureza. Pássaros de várias cores e cantos alegres, saltitando entre os galhos das árvores. Aqui, um sabiá bicando uma fruta madura, ali, um bem-te-vi cantando no alto da araucária. Bandos voando por sobre o capim, buscando sementes para o dejejum: bico-de-lacres, coleiros, tizios. Tudo isso me trazia à lembrança da Sexta Sinfonia, a Pastoral de Beethoven, com seus compassos deliciosos pintando com notas o quadro do campo.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Sinceridade e Amor

Pintura de Frank Cadogen Cowper


A sinceridade sem o Amor não passa de um instrumento da vaidade e da arrogância.


Luz e paz.

S. Quimas

Veja também:


Feitiço para Conquistar a Pessoa Amada

Ilustração: Norman Rockwell



A maior mandinga que se pode fazer para conquistar a pessoa que se deseja é devotar a ela Amor Sincero.
Só o verdadeiro Amor é capaz de unir de fato duas pessoas, e não qualquer outro tipo de artifício que se possa usar.
O Amor é algo que se recebe de quem a gente primeiramente dedica a mesma coisa.


Luz e paz.

S. Quimas

Veja também:


sábado, 2 de fevereiro de 2013

Profeta Gentileza

Profeta Gentileza



Nada é mais profundo do que a vontade de fazer o Bem.
Uns vêm à Vida para destruí-la, para diminuir.
Mas que bom, que outros na sua pureza de intenções, venham para somar e através de suas palavras e atitudes, mostrar que basta que desejemos, através de pequenos gestos, possa ser que não transformemos o "mundo", mas que podemos transformar algumas vidas.
Profeta Gentileza, você é uma pessoa fantástica!


Luz e paz.

S. Quimas

Veja também:


Compartilhando o Amor

Photo: http://www.childfund.org



Não há sentido em nossa existência e humanidade quando perdemos a nossa capacidade de sermos sensíveis às questões de outros seres humanos.
O que nos torna de fato humanos é a nossa capacidade de amar e o desejo profundo de compartilhar esse amor com nossos semelhantes.


Luz e paz.

S. Quimas

Veja também:

Pessoa do Bem

Jesus, ignorado pelos comuns - Fernando Botero




Só uma coisa pode de fato demonstrar que alguém é uma pessoa do Bem, o seu agir.


Luz e paz.

S. Quimas

Veja também:


sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Pergolesi - Stabat Mater (1736)

Giovanni Battista Pergolesi


Pode-se ser até ateu, mas é impossível ficar indiferente à divindade explícita nesta música.
Eu não tenho uma visão de Deus como algo humano, um velho sentado num trono cercado de nuvens num céu inatingível. Para mim Deus é essa energia poderosa de Amor e Vida que permeia todos os universos.
A arte o tem revelado em todos os tempos. Quem tem ouvidos de ouvir, ouça. Quem tem olhos de ver, veja. Quem não tem, sinto, perderá a oportunidade da Beleza.




Luz e paz.

S. Quimas

Veja também: