quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Minha mensagem de fim de ano

Édipo e a Esfinge - Jean-Dominique Ingres

As pessoas não importam em minha vida, mas todos os "seres" que inundaram minha vida, sim. Pessoas são estereótipos, presas e ilhadas em sua manifestação consentida de não serem nada mais do que o fluir da repetitividade. Há mesmo os "inofensivos", estes talvez os piores, pois que nos fazem acreditar em comportamentos de acordo com o "aceitável".
Os imensos neste mundo sempre quebraram regras. Cuspiram chamas de ideias e ideologias que provocaram a transcendência. Não comiam marmitas, já que muitas vezes sequer tiveram alimento para preenchê-las.
Hoje são heróis, santos, alçados pela hipocrisia a tal. Contudo, enquanto viveram eram hostilizados, execrados por muitos, ou pela quase totalidade.
Gente que transforma o mundo muitas vezes o transforma em silêncio, com exemplo e não com tagarelices. Não são somente as palavras, porém as ações. São os pequenos gestos no dia a dia, todas as ações e pensamentos.
O modo como agimos no mundo é o que de fato importa. Não que sejamos perfeitos. Não somos. Nem para nós mesmos.
Somos eivados de dúvidas, de insuficiências. Muitas vezes torturados por coisas menores, mas que para nós são importantes. Que seja. Cada um de nós dá a importância exata àquilo que se apega em si ou além.
Há um sentido quase tangível em nossas aspirações, em nosso faminto devir. Só que ele não acontece e morremos como almas buscando a imensa realização de nossas possíveis realizações. Perdemo-nos no eterno presente, barganhando com um futuro que jamais vem.
Que aceitemos nossos limites e vivamos este exato momento, e meditemos que é exatamente “tudo” o que somos e o que nos pertence. Claro, tenhamos esperanças e jamais nos imobilizemos frente à desventura. Sempre temos por aqui passado adversidades, mas não sejamos soberbos justificando derrotas causadas por nosso consentimento.
Avaliemos nossa vida, não com temores em face ao erro, nem na pressuposição de que muitas vezes tombamos à nossa inércia por coação das circunstâncias, porém por que cedo nos rendemos.
Chega de “tudo”, aprendamos a sermos absolutamente “nós”.

S. Quimas

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Brasil Serviu

Bandeira do Brasil


O Brasil é um natimorto em berço esplêndido.
Gigante de povo "anão" espoliado por causa da sua própria passiva natureza.
Senzala branca, negra, parda, vermelha, amarela e de todas as etnias, acomodada num passado de glória que nunca houve e num futuro que se perpetua por não haver.
Verá essa pátria que seu filho não foge a luta, ainda que seja por sua vida miserável, mendigando por migalhas até a morte.
Pátria amada, idolatrada, servil.

S. Quimas

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terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Abandono o tempo

Franz Roubaud - Cossaccos num Rio da Montanha


Abandono o tempo
E todas as medidas,
Eis que mergulho enfim na eternidade.
Tudo o que pensamos são razões,
Eu mesmo renego a angústia
De viver cercado de soluções.
A vida é sempre pergunta,
De muitas respostas poucas,
Há de se abandonar tal ilusão,
Porém há de se buscar
Sempre respostas.
Estas que nos levam a outras tantas...
Questões.
A vida é simples:
Apenas um isso aí!
Viver.
Não há imensa filosofia
Que não seja apenas viver.
A única e imensa certeza
E aquela que nos toma e transtorna. A morte.
A vida é sorte
E a morte circunstância.
Quando caminhamos
Há os tropeços
E a absoluta incerteza de tudo,
Mas de tudo mesmo,
Pois que tudo
É imensamente imponderável.
Resta a criança em nós.
Ela não pensa no tempo.
Suas preocupações são quimeras.
Não questiona o alimento
Que deveras a alimenta.
A criança é o absoluto agora.
Constrói-se pela presença
E não pela imponderabilidade.
Lição a ser aprendida.
Dizemos de consciência
E, adultos, pouco sabemos disso.
Contudo, caminhemos .
Melhor os pés que andam
Do que a mente
Que não enxerga mais caminho,
Que se satisfez
Com a solução de seus limites
E não busca mais nada.
A quem se rende
Não há mais estrada,
Pois perdeu seu caminho,
Si mesmo,
O infinito.
Desconhece-se.
Tudo que é normalmente aceito
Não nos identifica.
Prefiro a brisa
E mesmo o vento imenso.
Melhor tudo que me transtorna
Do que aquilo que torne
Simplesmente conformado.
Meu maior modelo são as nuvens.
Estas caleidoscópios celestes,
Sempre em transformação,
Únicas a todos os momentos.
Permaneço silente e contemplante.
Caminho onde
Flores brotam no asfalto.

S. Quimas

quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

Sou um bastardo do mundo

Bob Marley - Por S. Quimas


Sou um bastardo do mundo,
Criatura cuja quintessência,
É ser como um ovo estrelado.
Meus dizeres são somente controvérsias,
Algo que não se declara em conversas.
Sabia eu maduro, mas fruto apodrecido,
Pois que renunciei ao mundo
E a todas as suas ilusões.
Não me agradam os fatos,
Esses ditos nas notícias.
São sempre eles tudo os que todos querem ouvir,
Mas, de fato, não o “tudo”
De todo o existir.
Como poeta, “poesio”.
Numa poética sem fim.
Não sou sério,
Possa sê-lo... ou não.
Caminho de dores,
Amores, canções.
Como poeta sofro, vivo.
Se é que existência é viver.
Que é viver?
Aqui? Renúncia.
Deixar-se esvair.
Quem conhece o Céu
Não se entrega à glória do mundo.
Vive apenas tateando.
Palmo a palmo
As dúvidas das horas,
Dos momentos infindos
Das contumazes incertezas.
Não busca,
Pois seu maior encontro
É consigo mesmo.
Ah! O que vejo?
Quem saberá?
Eu, ou outro eu.
O que sou...
Nenhum?
Porém, tudo o que me resta.
Rompo a aurora.
O sol tarda.
No rosto do céu
Só nuvens.
O que me consola são lembranças.
Estas de um tempo impossível,
Um tempo nenhum,
Aquele que não vivi.
Contudo, que vivo.
Não sei. Talvez precinta.
Eu e a poesia. Vida e morte.
Algo imensamente assim.
Passado, presente, futuro...
Apenas vida:
Ontem, hoje, amanhã...
Um sem fim.
Eu aqui pego a caneta
E apenas faço versos.

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

O Brasil e Sua Crise

Gado

Aqueles que querem realmente uma profunda transformação político-social no Brasil não estão em passeatas de mulheres e homens alienados tirando suas roupas numa orgia carnavalesca. Estão buscando transformar a si mesmos, se tornarem, serem mais aptos a contribuir no seu dia a dia, a tornar seu "quadrado" um exemplo a toda a sociedade.
São pessoas comprometidas e não somente compromissadas, pois se dão por completo a uma causa política, não à partidária, porém à social.
Não buscam vantagens, confortos utópicos, não acendem uma vela para "Deus" e outra para o "Diabo". Não primam pela conveniência, mas pela equanimidade de direitos e pela verdadeira justiça social.
Não se contentam com o seu próprio e exclusivo usufruto, contudo em radicalizar a distribuição de recursos e oportunidades entre todos.
Pensam. Não são apenas "paridos" por uma mídia cada vez mais comprometida com o espetáculo e que transforma movimentos sociais e seres em pura massa de manobra. Não admitem em suas vidas um jornalismo fraccionista e endereçado a solução de grupos, às suas regalias e conveniências.
Não sou referência de nada. Formador de opinião nenhuma. Intelectual e filosofo que traga nada de novo. Apenas acredito em reflexão e ponderação. Quem age por impulso é palha e como palha se consome.
O Brasil passa por uma crise institucional profunda: imagina o estouro de uma boiada e um país inteiro em seu caminho, pisoteando qualquer bom senso, cegos, incapazes de discernimento.
O problema não é tão somente a corrupção e suas nefandas consequências. O maior problema é a continuada cegueira do povo brasileiro, a sua contínua barganha por benesses, por ajustamentos à sua idealidade de "Paraíso Tropical".
Aqui não é o Éden e o mundo inteiro passa por uma imensa crise e a nossa não é maior ou menor.
Contudo, creio que a crise da consciência seja aqui, ou em qualquer lugar, a maior de todas.
Agora, só nos faltam marcar a ferro. Assim, se saberá quem de fato é nosso dono, pois distante de nós mesmos e inconscientes não passamos disto: gado.

S. Quimas

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quinta-feira, 13 de agosto de 2015

O Trem da Vida

Trem Maria-Fumaça

Apita a curva mesmo,
Pois por ali já há muito
Não passa trem.
Nem mesmo há mais os trilhos,
Só pedras e capim.
Mas, mesmo assim,
A curva apita
E por ela passam
Dezenas de recordações.
São os vagões da memória
Desfilando em seu cortejo.
— Piuí! Piuí!
E tudo então é coberto
Pela fumaça do tempo...


S. Quimas

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

A Criança na Parede

Hiroshima - 1945


(Uma homenagem a todas as crianças vítimas das bombas nucleares
 lançadas em agosto de 1945 sobre o Japão.)

Hoje estou quase sem voz,
Pois não há quase nada a ser dito,
Quase nada a ser pensado,
Só há um choro mudo
Que escorre feito lama
Pela alma cheia de dor.
Lá fora o que brilha
É outro sol
E seus raios varrem a vida
Para debaixo do tapete da crueldade.
Uma voz de trovão
Berra no espaço,
Depois tudo cessa
E pela rua onde vaga o meu espírito,
Apenas a figura da criança que brinca,
Estampada pela fúria da morte atômica
Numa parede qualquer.

S. Quimas

sábado, 25 de julho de 2015

Canto a canção do mundo



Canto a canção do mundo,
A canção da dor de quem grita em meio às trevas.
O clamor dos renegados,
Dos espíritos exilados de estrelas distantes,
Muito além do pensamento;
Da visão que se cega à nossa miserável condição,
À toda a agonia a que nos submetemos em nosso degredo.
Nasceu-me a Luz e minha voz não se esgota no clamor
E hei de estender minhas mãos enquanto uma alma houver
Na escuridão traiçoeira pedindo ajuda.
Sou aquele que permanece fiel até o fim das suas forças,
Até que se esgote um fio de vida.
Sou a aurora não vista, servo de todos,
Um daqueles que vieram para abraçar àqueles de boa vontade.
Nunca fui um abençoado, mas abençoado sempre com Vida,
Vida que está acima da vida, de todas as causas menores.
Não sou existente, sou impermanente,
Lacaio de toda a esperança que jamais se rende.
Sou poeta desse mundo tão desigual, tão vil, tão falacioso.
Sou sua voz e testemunha de sua pequenez,
De todas as suas mais profundas misérias e iniquidades.
Mas, também sou aquele que ilumina,
Que do amor fala, não como inatingível, porém vivido,
Palpável como a brisa que roça arrepiando a pele.
Do amor eu falo, contudo não por sua constância em tê-lo,
Porém de tê-lo em verdade profundamente sentido.
Não preciso de testemunhas que corroborem com meu dito,
O que sinto pertence a mim, e a tudo com que compartilho.
Em minha poesia eu não falo mentiras — até omito para que o seu
Tremendo peso não seja como o soco de um boxeador.
Não há inverdades nas minhas palavras,
Só há total sentimento, só há o grito que grito, nada mais.
Não há imitação de estilos, ou muita concisão em minhas palavras.
Minha poesia é minha. Nunca tive ídolos.
Não perco tempo entregando minha alma
Para aquilo que é passageiro.
Sou parte de mim mesmo e da minha totalidade.
Não preciso de deuses que não são aquilo que eu seja em mim mesmo.
Tenho dito coisas que o mundo queria dizer, mas não tinha virilidade.
Não porque seja eu Homem, mas porque havia de dizer e mais nada.
Outras digo e que não soam bem ao ouvido de uns.
O que posso fazer? Se é que isso me ocupa de algum modo.
O que tenho a dizer, digo. Exatamente, mais nada.
Não para aliviar a carga imensa de minha alma,
Mas porque tenho que dizer. Uma imposição do meu espírito.
Por que faço poesia? Sei lá. Vem... Só isso.
Nem sei se o que faço é verdadeiramente poesia.
É esse jorro, uma profusão de palavras que me tomam por completo.
Não espere que eu tenha domínio sobre isso,
Sou o meio, não a causa, e não o fim.
Você sabe o que é sentir o peso da carga do mundo sobre si?
Não? Então seja poeta e saberá...
Saberá nos mais pequenos e ínfimos detalhes.
Terás momentos de beleza incomensurável
E outros de agonia dilacerante.
Assim é o poeta, alguém que vive no limbo.
Acho que vou terminar este poema,
Sinto-me esgotado.
Não pelo esforço de escrevê-lo. Amo poetizar.
Contudo, por que devo fazê-lo?
Para que todas as minhas palavras
Em uma só coisa se justifique:
Amor, amar, simplesmente.
Nada mais a alegar,
Só a lágrima que escorre pela minha face...

S. Quimas

sexta-feira, 24 de julho de 2015

Estou tão estéril de inspiração

Deserto de Gobi


Estou tão estéril de inspiração,
Que bebo aos goles desertos
De tudo que seja plano, sem sentimento,
Despido de lágrimas ou sorrisos,
Que não me toque e não faça bater
Um pouco mais o meu coração.
O que digo é tão sem mim,
Que o que disse antes
Avaliam-me estar por completo drogado.
Minhas palavras tão vazias
E assim por tão sê-las,
Já não escancaram poesia alguma.
São assim taciturnas e lamurientas
Em toda a fragilidade de suas significações.
Todos meus versos são mal ditos,
Vísceras que apodrecem
Espalhadas no caminho do Inferno
E que nem os abutres
Ousam, por sábios, tocar.
Nada destrói mais do que o apetite
Cismado pela obsessão de escrever,
De traçar letras e compulsivamente
A tê-las em palavras
Que formam frases
E traduzem pensamentos e intenções.
Enquanto me consome o mundo,
O consumo eu, esse intragável alimento,
Sabor sempre o mesmo,
De variedade das mesmas coisas.
Uma hora minha voz se cala...
Em outra? Poesia.

S. Quimas

quarta-feira, 22 de julho de 2015

Versos infames

O planeta Terra
No mundo
A fome maior
É por novidade,
Mas tudo passa,
Apreça-se
Na combustão
Do lucro necessário.
Até o vigário
Há de ter um novo sermão,
Apesar de que os pecados ditos
No outro que fez,
Ainda sejam prática
Dos fiéis.

No mundo
Tudo é moda.
Queria que fosse
Algo diferente,
Mais permanente.
Algo como, como...
A alegria em colaborar,
O amor entre os seres,
O cuidar da natureza,
O respeito mútuo,
A solidariedade...

Mas não é,
Apenas moda.
O mundo?
O mundo é foda.

S. Quimas

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terça-feira, 14 de julho de 2015

Família

Bonobos


Quando os valores éticos das famílias se degradam, toda a sociedade se lança no abismo.
Todo o valor nasce pelo indivíduo, mas em muito se sustenta através do seu meio, e o primeiro e mais essencial é a família.
Se apreciamos decadência no mundo atual, ela primeiramente, quase com certeza, principiou dentro de casa.
Os que dominam o mundo sabem que manipulando as famílias controlarão a sociedade. Assim, criam distrações, necessidades artificiais, expectativas jamais alcançadas, com o único propósito da alienação. Pais e mães se sobrecarregam cotidianamente para proporcionar bens e se alienam dos reais valores da vida em comum. Seus filhos crescem inconscientes do verdadeiro amor e só recebem compensações materiais.
Qual a diferença da droga que vende o tráfico, daquela que barganha um pai pela compensação material de um sentimento que nele não se sustenta em relação a um filho? Um colar de brilhantes, muitas vezes, no pescoço de uma mulher, não passa de coleira que a aprisiona como cadela amarrada a um dono. Muitas vezes, em contrapartida, mulheres também favorecem e dissimulam sua tortura emocional, se entregando a homens apenas por favores materiais.
Quem estamos sendo, ou nos tornando? Reflita.
Pense. Solucione. Antes que sua alma pereça na crença que tudo é assim mesmo. Tudo é, se você ceder.
A maior de todas as revoluções começa em si mesmo. Depois em sua casa. E assim, vai se propagando ao infinito.
Viva a revolução! Viva a vida!
Não precisamos do que nos oferecem. Precisamos, sim, um dos outros!

S. Quimas

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segunda-feira, 6 de julho de 2015

Não me importa sonho

Saturno


Não me importa sonho,
Pois eu mesmo vivo deles.
Não me importa nada,
Todos os seres que se replicam
Como infamante recriação
De absolutamente nada.
Aqueles que nada significam,
Senão ocupam no mundo
O apenas carimbo,
Muitas e todas repetida.
São as formigas contumazes,
Ávidas e vorazes
Em lisonjas.
Lisonjas essas, barganhas.
Chega de pobre coitado,
De todo afamado
Que pode pela fama
Se alçar um deus.
Chega desse mundo de quimeras.
Chega de mim,
Chega de deus.

S. Quimas

sábado, 4 de julho de 2015

Punamos os jovens de modo inexorável

Dorian Gray


Punamos os jovens de modo inexorável, pois talvez não se tornem esse escracho de adultos alienados que muitas vezes nos tornamos. Matemos com justiça pela lei alheia às causas de haver comportamentos antissociais quem cometa crime hediondo, sustentá-los em prisões por toda a vida não basta, nos custarão e o dinheiro é mais importante do que a solução da questão humana.
Demos vazão ao nosso ódio, pois justo, completamente, segundo a concepção de nossa avareza e desconhecimento do valor da vida, pois nossas filosofias e religiões são infestadas de deuses de vingança e quando deles se fala em amor, poucos se aliam à mensagem. Somos satânicos.
Destruamos tudo, mas exatamente "tudo" o que nos é prejudicial em toda a Natureza, até mesmo todos nós, pois que somos um câncer para o planeta, mas antes, destruamos a ignorância, nossa mais irredutível aflição e flagelo.
Combatamos com toda a veemência a consequência de nossos atos atrozes, contudo jamais as causas, essas nos exigem consciência, trabalho intenso e constante.
Somos todos belíssimos. Dorian Gray que o diga. Mantenhamos o nosso retrato no sótão de nossas vidas, jamais o vejamos, pois não há quadro algum, apenas o espelho de nossas corrupções.
Que atire a primeira pedra quem é onisciente.

S. Quimas

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quinta-feira, 2 de julho de 2015

Preferia não te amar tanto

Sri Krishna e Sri Radharani.


À minha Meg Imbelissieri​

Preferia não te amar tanto,
o tanto que te amo,
não ser poeta e não te declarar o meu todo sentimento.
Talvez, o mais comum dos homens,
esse que sustenta a vida
e simplório te acalanta nos teus dias.
Gostaria de ser seu cobertor no frio,
o que te areja no calor.
Mas algo em mim medonho,
como o Inferno que se acende,
muito mais demônio,
pois poeta. É minha alma
repleta de sonhos,
de dizeres que são vozes que a consomem.
Muitas falas e da loucura substrato,
pois te adoro completamente
e não sou mais nada que amante teu.
Prometeu acorrentado,
um que grita e brada
apesar de estar calado,
pois seu coração pulsa à revelia
e declara na vida, esta utopia,
de ti sou e tu de mim,
apenas aquém, o antes, o agora, o sem fim,
toda a poesia que posso,
o Pai Nosso, uma oração,
a rima incerta e lá toda a canção.
Queria... Queria que tu não me tocasses,
que fosses distante de minha realidade,
só pensamento, ilusão, devaneio,
porém tu te fizeste,
não o agora, mas toda a minha Eternidade.

S. Quimas

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segunda-feira, 15 de junho de 2015

Tudo na minha vida é canto

Isaac Levitan


Tudo na minha vida é canto
E vagueio nas esquinas
De minha poesia.
Dobro, lá nos versos
Que componho, por outra rua.
De cima das sacadas
Observo a mim mesmo,
Transeunte da vida
A caminhar perplexo.
Não que me espante do mundo
E de tudo aquilo que é,
Mas de mim mesmo
Por tudo que é devir.
Nada que sou é excepcional,
Porém normal,
Assim, aquela pedante normalidade
Da vida contumaz o é.
Não sei se me embriago,
Ou vivo a alucinação de viver.
Não sei se poesia,
Ou a dimensão da clausura de existir.
Nada sei.
Em mim nada é decisão,
Sempre é tormento,
Possibilidade e nada.
A maior de minhas regras
É duvidar de tudo.
Sou um porco.
Desculpem-me eles,
Mas porco na conotação.
Fico aqui pensando
Em quem se dá ao trabalho de ler meus versos...
Que são poesia
É claro.
Contudo, quem suporta
A ignomínia de um desfilar de atrocidades?
Pois que rendida
Minha alma é só farrapos
E hoje sou travestido de miséria
E, pior, de falta de todo o senso.
Só me resta a poesia. Sim.
Ela é o que sou.
O meu pranto,
O meu intenso suspiro,
Tudo o que alimenta
E me faz vivo estar.
Não há beleza na dor,
Muito menos na infelicidade.
Não, não há.
Mas há na poesia.
Ela toca, ela abre um rasgo
No peito da alma que a lê.
Ela é mil demônios,
Mãe de imensas heresias.
De arte tem pouco,
Tem mais de falácias.
Só o sabe o poeta
A tortura de tê-lo nascido assim.
Poeta e vil,
Encarnação do mundo inteiro.

S. Quimas

segunda-feira, 8 de junho de 2015

Refletindo Sobre o Autoconhecimento

Nebulosa no Órion - Hubble


Fomos capazes de construir instrumentos que são capazes de perscrutar o espaço infinito. Contudo, não desenvolvemos — ou no mínimo, como humanidade, não nos dedicamos a tal com afinco — a capacidade de imergir em nossos espíritos e conhecer a profundidade de nós mesmos. Assim, permanecemos deserdados do autoconhecimento e nos saturamos de coisas exteriores, e, muitas vezes, nos sobrecarregamos de superficialidades e inutilidades.
Quanto mais distante de nós mesmos, mais difícil a nossa libertação das masmorras da ignorância. E, por tal, mais afeiçoados a nossos erros, mais corrompidos por nossos vícios e males.

S. Quimas

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sábado, 6 de junho de 2015

Para mim, você é como o sal

Tim Hall - Menino Solitário


À Meg Imbelissieri​

Para mim, você é como o sal
Que tempera o meu alimento
E, assim, aguça a fome,
O desejo a que não me contenho.
Até faço poesia, me torno sentimental.
E vou catando palavras,
Como menino, que na praia
Não atenta o mar,
Mas que busca na areia conchinhas
Para elas colecionar.
Não sei se esta poesia faz algum sentido.
Só sei da adoração
Que por ti completo tenho.
Só sei que é isso que importa.
Na morada de minha alma,
Toda a janela e toda porta
Se escancaram para ti.
Estes versos são pueris,
Mas são benditos,
Pois são versos de um menino,
Que só você
Fez de novo sorrir.

S. Quimas

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sexta-feira, 5 de junho de 2015

Sucumbo na imensidão de teu carinho



Sucumbo na imensidão de teu carinho,
Na tua compreensão de minhas amarguras,
Da minha falta inequívoca de senso,
De toda a minha loucura atroz.
Elejo-te minha única esperança,
Aquela que se traduz em minha própria vida,
O meu Bem e o maior deles.
Enfim, nada maior que a Eternidade.
És punhal que me trespassa a alma,
És também no espelho do lago
A maior e mais divina calma.
Tu és. Assim... Tudo isso.
Para sempre, apenas e imensamente,
Meu amor.

S. Quimas

segunda-feira, 25 de maio de 2015

Todas as nuvens

Arte: Jose Luiz Munhoz


Todas as nuvens
Que me chegam a meu céu
São imensas auroras de tingidos rubros e alaranjados.
Já não são todos anjos,
Esses me abandonam.
Querubins de renúncia,
Já não me suportam.
Serei vil?
Não. Poeta.
Encarno em mim Deus
E o todo outro o profano.
Sou aconchego
E total abandono.
Sou rima,
Mais ainda sem sê-lo, desafio.
Sou como rio
Que corre para o mar.
Sou o sulco da terra
Vazada por todas as águas.
Mar, terra e ar...
Não sei de mim,
Nada sei,
Somente amar.
Não a mim,
Posso fundo,
Eternamente a mim de mim moribundo.
Beijo jamais dado,
Aquele que eternamente arrebata.
Virgem de mim mesmo,
Pois jamais completo
E assim tão repleto de tanto,
Que transformo a minha dor e pranto,
Nessa torpe harmonia,
Que chamo, se merece,
Poesia.

S. Quimas


Ouçais a mensagem dos deuses

Prometeu


Ouçais a mensagem dos deuses,
Que vos clamam compaixão
Entre todos vós sem distinção.
Ouçais o retumbar dos tambores
Nos céus sem fim, na Eternidade,
Se é que vós compreendeis
Todo o tamanho significado.
Não vos abateis, pois dias de glória
Estão chegando tão certo,
Quanto certo é o curso de um rio.
Há ele de jorrar no mar
E todas as suas águas serão abraços.
Não vos preocupeis,
Renuncieis a ideias e pensamentos
Que vos toldam a consciência.
Não vos aparteis de vós mesmos,
Porque a glória sois vós.
Filhos da Criação,
Naturais do dom divino da existência.
Não vos aquebranteis
Pelos enganos que vos são impingidos.
Glória é vosso imenso destino.
Mas tenhais humildade
E de todo coopereis convosco mesmo
E fazei da obra de Deus
A vossa vocação.
Irmãos, que sejamos testemunhas
Do destino que sempre nos guiou.
Toda a glória porvindoura,
O louro que nos recobrirá a fronte,
A Eternidade e toda a vida
Que nos cabe,
Além do horizonte
E por toda a Eternidade.

S. Quimas

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terça-feira, 19 de maio de 2015

Jamais

Rembrandt Harmensz. van Rijn - O Bêbado Completamente


Tem algo que jamais
Vou tomar em minha vida.
Asquerosa e infame bebida,
Que nunca irá me inebriar.
Essa que do mundo é consolo,
Que o laureia de retidão.
Aparta-te de mim juízo,
Não te desejo não!

S. Quimas

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domingo, 17 de maio de 2015

As luzes retornam mais tarde



As luzes retornam mais tarde,
Agora, só a noite
E as incontáveis estrelas.
A melancolia me toma,
Não que ela seja indesejável.
Ela que sempre foi companheira
De minhas conversas intermináveis
Comigo mesmo.
Lá fora, o frio imenso,
Aqui não menos.
Minha alma reza pelo nascer do sol.
Passam-se as horas
E meu falar interior
Toma-me assim por completo.
Horas não sei o que diz,
Muito não está claro.
Canso de pessimismo,
De indulgência
Com todo o meu não sentido.
Não sei se sou quem escreve,
Talvez minha mão só repita
Uma caligrafia alheia.
De fato não sei.
Mas também, por que sabê-lo.
Poesia não é mistério?
Acaso o poeta o revela?
O poeta só embala
Quem o lê em sonhos.
Uns alegrias, mais felizes,
Outros, uma espinha de peixe
Que teima na garganta.
O que seria da poesia
Sem o desencanto e as dores?
Talvez serenidade,
Porém não falaria do humano.
Nisso a poesia é campeã.
Nada mais senão ela
Para dizer de nossas todas as aflições.
Mais que o rio que flui
Infinitamente suas águas,
A poesia derrama copiosamente
Sentimentos infinitamente.
Eu poderia falar de um menino
Que saltita no campo,
Da sua alegria,
Mas o menino já não salta.
Percebeu como adulto
E se abateu,
Que saltar não cabe ao adulto,
Que tudo o que é infância
É completamente impróprio
E de todo ridículo a um homem.
Tem horas que o menino retorna
E por mias vil que seja
O homem se comporta como ele.
Que mal há em saltar?
Assim se questiona o homem.
Talvez o menino só aguarde
Nascer novamente o dia.
Assim que o sol brotar
Horizonte acima,
Para tomar estrada
E se apossar da vida.
Nele, não é o homem
Que deveras acorda,
Porém o que na sua contradição,
Jamais cerrou a porta
Do seu coração.
Coração menino,
Lavado de angústia e dor,
Contudo, um ponto de luz,
Ainda que pequenino,
Em meio à escuridão de seus dias.
Ponto que se perde no infinito,
Irmão de todas as estrelas.

S. Quimas

sábado, 16 de maio de 2015

Não tenho mais destino

Salvado Dali - Busto Invisível de Voltaire


Não tenho mais destino
Que não seja caminhar.
Quem caminha comigo
Que venha como eu:
Despido e sem bússola,
Sem norte e rumo,
Que venha,
Porque venha apenas,
Pelo prazer de percorrer paisagens.
Aqui e ali,
Sonhos.
Nada mais.
Ah, agora! Ah, além.
Dia que passa,
Noite que vem.
Apenas caminhante,
Dobro nas estrada,
As margens são meu leito.
Pouso sobre mim apenas.
O que é?
Não sei.
O que será?
Não sei.
O que sei que amanhã
De novo estarei a caminhar.
Um pouco nessa estrada,
De repente em outra.
Minha bússola gira,
Não tenho norte,
Com sorte
Ainda de vida
Viverei.

S. Quimas

sexta-feira, 15 de maio de 2015

Tenho lembrado tanta coisa

Salvador Dali - Bebê Mapa do Mundo


Tenho lembrado tanta coisa
E esquecido de mim mesmo.
A noite passa
E meu sol não acorda
Assim tão cedo.
Sua luz é fugidia,
Não aquece.
Entreolho através das brumas
De minhas desilusões todas,
Buscando motivo de seguir.
Não sei, não mesmo.
Hoje o que me cala profundo
É sonho, sempre foi.
Há horas que tenho vontade,
Uma imensa, descomunal vontade
De apenas me calar,
Não declarar mais nada,
Não caminhar e parar
Em meio à estrada.
Que me condenem os maiores,
Quem jamais teve dúvida,
Que não foi bafejado por aflição.
A canção toca lá longe,
Não sei o que diz
E nem me interessam os versos.
Sigo a melodia,
Nela me deixo embalar.
Não sei da poesia,
Nem do discorrer de notas.
Porém se abrem portas,
Imensas escancaradas.
De uma virtude imensa,
Feito estrume que alimenta planta,
Tamanho desespero de minha alma.
Calma, digo a mim,
Hás de seguir,
Não agora,
Depois.
Os versos se derramam
E chamam isso de poesia,
De iluminação
E privilégio.
Chamo de sacrilégio,
Aviltamento de minha alma.
Calmo, fica calmo,
Digo a mim.
Não te tomes
Pela intensidade imensa
De sentimentos
Que já nem sabes
Que teus os são.
Duas crianças jogam na rua
Um jogo que não sei qual.
São de hoje
E eu não consigo ressuscitar nelas
A criança que fui.
São outras e observo.
Não com aflição
Por serem assim,
O que são
E não com reprimendas pela que fui.
São outras
E nunca as que serei.
Serei? Sei lá!
Possa ser que em outra vida,
Mas não nessa.
Nessa me consumo
Adulto que sou.
Ainda assim, criança.
A infância não me abandona,
Mas resta pouco.
Não que eu seja descrente totalmente
De toda a virtude. Não.
A poesia é imensa,
Não sou mais menino,
Não sou velho,
Não pertenço a tempo nenhum.
Assim me defino:
Singularidade.
Assim,
A bem da verdade,
Sem definição.

S. Quimas

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quinta-feira, 14 de maio de 2015

Quem sabe amanhã não seja outro dia?



Quem sabe amanhã
Não seja outro dia?
Quem sabe?
Quem sabe hoje,
Este dia seja tudo?
Quem sabe?
Nossa mente divaga...
Tudo o que aprendemos,
Todo nosso pensamento,
É apenas incerteza.
Diz-me aí, o que te resta?
Quero resposta honesta.
Resta-te apenas este momento,
O caldo do espaço-tempo.
Aproveita e goza.
Goza assim como a flor que surgi
E não sabe o mundo.
Sabe apenas o efêmero.
Talvez a flor seja inconsciente,
Mas não se atribule,
Nasce.
Não busque seduzir, não.
Apenas vem à existência.
Quantas flores surgiram e feneceram?
Milhões.
Pior os grilhões,
Que nos fazem
Jamais nascer.
Não porque estejamos aqui,
Que sejamos vivos.
Quem repete sonhos
É apenas clichê.
Caminho nas sombras,
No delírio eterno de mim mesmo,
Mas caminho,
Não me acovardo perante
À toda minha imensa insuficiência.
De mim não sei.
Se sei, são pelas contas que chegam.
Ah! Essas são fatuais.
Se vivo, devo,
Somente por viver.
A humanidade é estulta,
Não compreende o que é viver.
Abraça modelos,
Se enquadra.
Caminho lá, pueril,
Naquela estrada outra.
Aquela que faz sonho.
Por tal me condenam.
A minha pena?
Ser-me.
Não que eu seja exemplo.
Sou dentre muitos,
O mais entre todos,
Meramente um pária.
Pior, ainda esbravejo.
A poesia que me inunda
E me inunda de tal maneira,
Que eu mesmo não
A restrinjo em mim.
Tenho o despudor
De lançá-la no tempo,
Tenho a lascívia
De fazê-la pecado imenso,
Praticado a todos.
Não há a menor modéstia em mim.
Me creio poeta.
Talvez possa ser meio pueril,
Como a criança que fez uma descoberta.
Possa ser que eu não tenha acordado
De toda a minha infância
E assim prossiga um sonâmbulo.
Faço poemas indigestos como este.
Que dúvidas têm
Que não são apenas delírios.
Não sou...
E nem serei no mínimo razoável.
Cachorro que fuça lixo,
Um deplorável,
Mas preciso.
Tantas vidas eu tive,
Porém ainda estou aqui agora.
Flor que nasce,
Para num outro instante,
Apenas ir embora.

S. Quimas

quarta-feira, 13 de maio de 2015

Há duas formas de terrorismo

Calvin e Haroldo


Há duas formas de terrorismo. A inconsciência de afirmar que sim. A outra de que não.
Porém há uma terceira, a de se crer que alguma seja a verdade.
Somos resultado de manipulações, de idealidades num mundo que é apenas crença. Silogismo filosófico? Ah! O Universo inteiro é contradição de nossas ideias. Cada hora coisa nova.
Temos ciência? Temos filosofia? Temos certeza? Fé? Razão?
Na realidade somos um amontoado de dúvidas, que morre conosco, carregado num caixão. (Penso para quê? Descobrimos o fogo, por que não incinerar?)
Um diz sim, outro não. São todos doutores e eu já não sei o que pensar de tudo isto.
Que se foda tudo. Vou viver segundo o mandamento da minha consciência. Basta de instrução. Quero ver a flor brotar. Não as mais fantásticas, não são elas que me dão esperança, porém aquela que brota em meio ao deserto de infinitudes de certezas de que ali, ou aqui, não é possível flores haver.

S. Quimas

Hoje está frio

Sobre a ponte - Autor desconhecido


Hoje está frio,
Quisera outro clima.
Alguns se aconchegam,
Eu percorro vielas.
— Um trocado, senhor,
Para o pão e o café?
Melhor pedir para a cachaça.
Ao menos torpor reconfortaria,
Seria assim mais verdadeiro,
Soaria-me mais real.
Não que eu recomendaria vícios,
Não que completamente
De modo nenhum os tenha.
Atravesso a rua
E outro me pede.
A sociedade é desigual.
Culpa de quem?
Do que pede?
Não sei. Nada posso afirmar.
Na minha indigência
O meu princípio
É acolher.
Não que eu mesmo seja
Algo de excepcional,
Mas por saber
O quanto somos falíveis.
Vi homens e mulheres
Se abaterem
E se transformarem em nada,
Absolutamente nada,
Pois sempre foram
Mendigos de suas ilusões.
A grandeza de seus trajes requintados
Viraram farrapos de suas crenças
No poder absoluto
De suas pretensões.
Lá fora
A água passa sob a ponte.
Nela uma criança se olha,
Encantada com seu reflexo.
Além dela o céu
E ela se vê
Despida, completamente nua,
De tudo o que a cerca,
Porém trajada, vestida por completa,
De todos os sonhos deste mundo.

S. Quimas

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terça-feira, 12 de maio de 2015

Quem sabe um dia eu realize

Grigory Karpovich Mikhailov - Prometeu


Quem sabe um dia eu realize,
Faça algo de proveito,
Alguma coisa extraordinária,
Algo que eu me arrependa,
Mas me arrependa tanto,
Que me transforme.
Não porque o algo que faça
Seja de todo o mal,
Que seja atitude de um santo,
Porém para que a mim significado tenha,
Tenha totalmente em minha vida.
Por hora caminho na estrada,
Nada mais do que caminhar.
Minha obra não se completa,
A fome não se sacia,
Queria orgia? Não.
Mas a tenho,
Versos aos milhares.
Assim o poeta se contenta.
Imensa é a solidão
De estar em um mundo,
Este de insensíveis.
Contudo, assim permaneço,
Pueril, criança que jamais crescerá,
Brincando com sonhos,
Construindo rimas ou não,
Mas tudo, quantos poréns,
Mas... Apesar de menos,
Apesar da angústia,
Meu banquete é para se fartar,
Minha mesa? Todos os pratos
Para quem se alimente de sonhos.
Poesia herética, devir e nada
Neste exato momento.
Não que eu sofra,
Não sofro a vida,
Nem a chaga que isto é.
Sofro os sonhos,
O desejo de mim mesmo,
Pois já sou um perdido,
De mim não sou aconchego,
Apenas coleção de memórias,
Retórica de encarnações
Em um mundo de falácias, mentiras, torpe.
Não que eu não ame o mundo,
Não que não ame pessoas,
Se é que eu ame.
Duvido que saiba,
Mas não que não.
Lá fora, uma música toca,
Mas, outra vez o mas,
Mas a minha realidade
Não é esta canção,
Ou é.

S. Quimas


segunda-feira, 11 de maio de 2015

Depois daqui, o que será?

Andreas Achenbach


Depois daqui, o que será?
Estradas novas.
Outros lamentos.
Nem tanto,
Minha cota de Luz.
Espero recebê-la.
Viver cada momento
E nenhum outro.
Desejo ter o que dizer
E isso,
Nada apenas.
Viver minha aventura,
Me encharcar de possibilidades.
O que sou?
Nada, nada mais.
Deus? Satanás?
Pior, poeta.
Minha alma é pacto com todos,
Infinitamente possibilidade.
Horas sonho,
Em outros momentos vivo a realidade.
Mas sonho também não o é?
Apenas desfilar de versos sou.
E depois?
Talvez um outro,
Um eterno se construir.

S. Quimas

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sábado, 9 de maio de 2015

Feliz... Eu sou

Lúcifer


Feliz... Eu sou,
Sou poeta,
Pessoa repleta,
Sonhos, delírios.
Nada razoável.
Apenas versos.
Meu marketing?
Sentimento.
Essa a moeda.
Não fedo
E nem cheiro.
Poeta apenas.
Um que me desse graça,
Um que fosse
Razão.
Em mim só há coração.
Sou completamente abandonado.
Dizem que sou algo,
O cara da rua, louco.
Eu? Louco?
Por quê? Poeta?
Por que não assisto a novelas,
Por que não os filmes?
Não tem sentido em minha vida.
Não tem mesmo.
Aprecio o mundo
Através da janela,
Aquela que se abre
Infinitamente em toda a minha vida.
Escancaro os meus sonhos
Como se fossem sutilezas.
Não são. Neles não há a mínima razão.
Sonhos esses que se esvaem em luz?
Todos os sonhos são assim,
Possibilidade.
Imponderabilidade do não concreto.
A poesia se alonga,
Não quero a tortura de quem me lê.
Seja lá,
Seja bem.
Seja além,
Completamente teu,
Somente teu,
Próprio ser.
S. Quimas

sexta-feira, 8 de maio de 2015

Acusaram-me de plágio



Acusaram-me de plágio.
Quimeras, sou um completo imbecil.
Plagiar a quem?
Digo em versos
A surdina de meu acatamento,
Nem ouso tanto.
Poesia para mim é espanto,
Fantasma que me assombra,
Nada mais que isso.
Algo que me vem
E por completo me toma.
Navalha-me e escarna
Sem o menor perdão.
Diz a mim de canção,
Melodias confusas,
Notas excêntricas,
Dissonantes,
Tortura-me.
Acorda-me na madrugada.
Faz de mim servo.
Cala-te poesia,
Já não te aguento,
Vai de todo embora,
Meu mais vil tormento.
Vai... Mas vai mesmo.
Não voltes tão cedo.
Só voltes num arremedo,
Quando minha paixão por ti arrefecer,
Quando o poeta lançar-se à sorte,
Não temer a morte e a paixão.
A viola e uma canção.
Poeta de nada,
Mas jamais a lama mascarada
Em seu desterro.
Lá fora fica o medo...
Aqui fica todo o sonho.

S. Quimas

Não sou nada

S. Quimas - Encontro dos Rios


Não sou nada.
Se nada fosse
Seria algo concebível.
Mas não sou mesmo
Algo.
Tenho desdém de mim mesmo.
Luto sou em minha poesia,
Mas mesmo a terra não me recebe o corpo.
Rompo os grilhões que me aprisionam,
Mas ainda assim a mim condenam ao desterro.
Não pertenço à pátria,
Nem a minha vida toda.
Sou aluguel de casa de sonhos.
Vivo assim tão em mim,
Que já não me suporto.
Me preferia morto,
Quisera tal,
Perscrutar as minhas insanidades,
Não jogar xadrez
Com minhas verdades.
Porque ser poeta é um vício
Maior que todos os outros.
Na poesia me embriago mais
Do que com todos os vinhos.
Os vizinhos meus são tolos,
Não sabem de mim mesmo.
Sou o que volta,
Uma vida mais,
Assim da vida prisioneiro,
Falas.
Eu que no passado,
Encantei a todos vós,
Hoje sou mudo
E o encantamento perdi.
Já sonhos não tenho,
Só me resta... a poesia.

S. Quimas

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quinta-feira, 7 de maio de 2015

Feliz



Pensei. Pensei, mas pensei tanto,
Que tudo o que pensei foi só pensamento.
Sonhei, quando menino,
Todos os sonhos do mundo
E acordar deles era felicidade.
Vivia vida de menino,
Sempre sonho, sempre feliz.
Algo abstrato,
Entre o verde das matas que adentrava
E o vermelho de um pôr do sol.
Era simples ser feliz,
Algo como um pão na manteiga
E um bom café com leite.
Eu gozava com isso.
Broa de banana no forno à lenha,
E eu e meus primos
A chafurdar a mata a procura de galhos
Para alimentar a fornalha.
O milho do paiol,
A banana colhida no terreno
(de vez!).
Simples, simplesmente assim.
Não era pobre, não mesmo.
Fui feliz.

S. Quimas

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quarta-feira, 6 de maio de 2015

Pum!



Acabou...
É o fim do mundo,
Nele morreram as reverências,
A delicadeza,
O que põe mesa
É o poder de ter.
Assim é a oitava maravilha,
Seja.
Assim é.
Para o chulé
O antídoto,
Mas não para o travesseiro.
O pum fede o mesmo,
Ai qualquer um é.
Poema nefando
Que se constrói na minha mente,
Apenas um.
Pum!

S. Quimas

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terça-feira, 5 de maio de 2015

Língua Profana

O Calendário Maia


Teria rolado um papo fantástico, ao menos em minha opinião, naquele momento. Contudo, o ponto final se sobrepôs às virgulas e às reticências. Triste exclamação a minha:
— Maldito português!

S. Quimas

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sábado, 2 de maio de 2015

Tem uma coisa

Calvin e Haroldo Rolando na Lama


Tem uma coisa
Que absolutamente não faço,
Mas já do que era,
Assim por completo
E de todo, me esqueci.
Agora só lembro
De fazer somente tudo
Que me faça simplesmente feliz.

S. Quimas

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sexta-feira, 1 de maio de 2015

Tem coisa que me ilumina

O Firmamento


Tem coisa que me ilumina,
Como a escuridão profunda da noite
Brincando com a minha visão
Com seu bordado de estrelas,
Feito um manto negro
Salpicado de purpurina.

S. Quimas

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A música é um sonho...

Brad Kunkle - "Reclamation"


Para ti.

A música é um sonho...
Todas as que me fizestes sonhar,
As que ouvi,
Mas as mais doloridas,
Aquelas que jamais me trouxestes.
Canções que jamais ouvirei.
Todas as que soubestes
E que jamais saberei.

S. Quimas


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Não consigo dormir

Aime Nicolas Morot - Leão


Não consigo dormir.
A mente se invade de poesia.
Isso é demoníaco.
Minhas horas tardam,
Minha mente se consome em versos...
Não sei. Sinceramente não.
Poesia é o quê?
Sentimento? Razão?
Uma transposição de mim apenas.
Nada do que eu não revele
No tanto que vivo.
O que vivo?
Ah, o que vivo!
Minha vida, ai!
Que gesto dissoluto.
Um cão que fuça o lixo
Tem gesto maior.
Não leiam o que escrevo,
Não leiam mesmo,
Pois sou um confessor de mim em minhas letras.
Poupem-se dessa lamúria sem fim,
Poupem-se dessa inglória causa que sou.
O que arde em mim é túmulo,
Não é poesia.
É o que é morto
Na maior parte dos seres deste mundo.
É o que deveria de estar vivo:
Sentimento.

S. Quimas

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quinta-feira, 30 de abril de 2015

Estado

Delacroix - A Liberdade Lidera o Povo (1830)

Só tenho a dizer uma coisa em relação ao Estado: o primitivismo de vossa diplomacia remonta à Idade das Pedras. Vós vos confirmeis poder enquanto seres dominados e idiotizados por vossa máquina de crenças estiver ativa e usar da morte e da violência o principal argumento contra aos que arrebanhais cidadãos.
Meto o dedo na garganta e vomito em cima de ti Estado, fruto de dores que pisoteia a humanidade há milênios. Vós sois o câncer social, a degeneração dos princípios básicos de todo o bom convívio. De vós só a torpeza, só o engano.
Distribuis migalhas e recolheis para vossas falanges a quase totalidade do pão. Manipulais e fazeis dos vossos filhos escravos.
Vós sois o mais torpe dos pais, pois não repartes pães, mas pedras; não aplacas a sede, mas privas a liberdade imputando taxas à água que é essencial à vida.
Sois, enfim, nada mais que o braço armado do anticristo.

S. Quimas

quarta-feira, 29 de abril de 2015

Quem sabe?



Quem sabe, eu esquecesse todos os que passaram pela minha vida?
Quem sabe?
Quem sabe eu não escrevesse poemas, se isso é o que escrevo?
Quem sabe?
Quem sabe amanhã eu não renascesse?
Quem sabe?
Quem sabe outro e não o eu mesmo?
Quem sabe?
Quem sabe a poesia seja um veneno
Que atormente minha alma
E eu só a faça por loucura que me domine?
Quem sabe?
Quem sabe que agora seja tudo, ou nada seja?
São tantas as dúvidas que trespassam a mim!
Quem sabe se eu sou o embaraço
Dos todos os momentos que vivi?
Quem sabe?
Eu não.

S. Quimas

Esvair

Por do sol


Quem puder, siga.
Quem não, aguarde.
Quem for dia, nasça.
Quem não,
Seja tarde.
Ainda possam todos
Serem noite e estrelas,
Manto negro e luzes.
Sonho e viver
O que há.
Sejam alimento do vazio
De uma vida a alimentar.
O poema não tem fim,
Rompeu-se a inspiração...
Morreu em mim
Qualquer razão
De assim continuar.
Se foi e eu a desejo,
Não pelos versos,
Não por isso,
Mas porque me sinto vivo
Pelas bobagens que digo.
Contudo, deveras tudo passa.
Acharei desse momento
Imensa e total graça,
Apesar do pranto
Que nem choro,
Pois choraria
Se todas as minhas lágrimas
Não se tivessem em deserto
Copiosamente se transformado.

S. Quimas

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Filosofia

Calvin e Haroldo


Tenho amigos filósofos e eruditos, mas não pensam nas pessoas que saem na madrugada com a marmita na bolsa.
Eles têm teorias estranhas ao dia a dia desta gente. Eu lamento.
Para o Inferno a filosofia se não presta para elevar.
Boa filosofia é aquela que se assimila e transforma, que alça a uma condição superior. Toda outra não é ética. A filosofia se esqueceu disso e só se faz um brinquedo de palavras, a mais pura erudição.
Mente brilhante é aquela que transforma a si mesmo e reverbera em amor ao mundo e o traz a um nível superior.
Não há desculpa à preguiça, mas menos à prepotência de uma intelectualidade vazia, que se mostra tipicamente arrogante.
A genialidade está em sobreviver num sistema que mata. O Universo é estrela que engole outra, galáxia que traga outra. O Todo é voraz. As pessoas só se preocupam com a rede que saiu do ar. Falo dos classe e mídia, não dos famintos e deserdados, dos reais aflitos.
Canso a todo mundo. Sou assim, um cansativo.
Levem-me suavemente nas costas, antes que o mundo que ignorem depositem seu peso.

S. Quimas

Viver Apenas

Calvin e Haroldo


A maior escola da vida é cada minuto vivido, é o texto de nossas vidas que escrevemos, nem sempre com grandes pensamentos filosóficos e com palavras tão assim muito eruditas. Contudo, é o livro que a nós é possível.
A grande compreensão é não deixar páginas em branco, ainda que elas descrevam momentos terríveis.
Viver é acima de tudo: viver-se e se ser completamente apaixonado de si mesmo, amante o mais fiel possível.
Possa um olho nos faltar, mesmo possa a completa visão, mas não o sentido da existência. Viver é viver apenas, essa a missão. O restante é consequência.
Amanhã o sol nasce e se põe, vem a noite. Você é responsável por cada instante, sua vida é sua decisão.
Há algemas, jaulas, impotências... Porém, também há como escapar. O seu pensamento é o limite. A guerra finda quando um dos lados se entrega. Seja vencedor. Viva completamente. Assim não perderá nada da maravilha que é seu existir.

S. Quimas

domingo, 26 de abril de 2015

Caleidoscópio

Gustave Doré - Don Quixote


Porque eu não sou essência,
Sou o que sou,
Eternamente possibilidade.
Desconheço a mim mesmo
A cada momento que vivo,
Pois sou em cada um, outro.
Poesia que não termina,
Verso em um caleidoscópio.

S. Quimas

Sou eu poeta?

Wilk Wieslaw - Marinha


Sou eu poeta?
Por quê?
Declaro sonhos em linhas?
Falo nos meus escritos de delírios?
Já não sigo rota,
A nau da minha vida se perde.
Praia ou porto não diviso
E o oceano sem fim
É todo o meu destino.
Quisera eu contar grãos de areia,
Ou ouvir o som de meus pés
Nas tábuas carcomidas de um cais...
Minha alma não repousa
E adormeço na tempestade de meus pensamentos.
Não me admite repouso a vida,
A tormenta é minha constância.
Tenho timão à minha mão,
Mas me falha a bússola.
Perdi o norte.
Quem sabe, um dia tenha
De volta a sorte
De reencontrá-lo.
Frente a mim apenas uma xícara,
Nela o café fumega.
Penso nos vapores
E na vulnerabilidade da vida:
Agora estou aqui,
Daqui a pouco não permaneço.

S. Quimas



Grito

Antony Gormley: Drift 1, 2007 / 2012


Quando eu calo,
Aí que tudo eu grito.
Meu silêncio são palavras,
Não o que não digo,
Mas tudo o que tenho a dizer.

S. Quimas