segunda-feira, 16 de junho de 2014

A estrada nua se abre para o abraço da floresta

Rebanho na Floresta - Ivan Shishkin

A estrada nua se abre para o abraço da floresta,
Que a recebe feito a amante que dócil se entrega.
A estrada segue serpenteando, penetrando-lhe
O seio, descortinando seus mais íntimos mistérios.
Pela estrada passa toda a gente: os que buscam algo
E todos aqueles que nada, pois há muito acharam.
Há os que busquem sonhos perdidos na paisagem,
Outros, aturdidos e desesperados, só encontram
Nas formas que se perdem nas sombras, pesadelos.
A estrada nada tem de especial, nem a floresta,
São apenas uma estrada e uma floresta comuns.
Ah! Mas há os olhos que produzem encantamentos,
Que veem onde nada há para ser visto de especial
Ou os que se enceguecem para tudo aquilo que é raro.
Há também os ouvidos que não se apercebem das aves
E de todo o seu canto mavioso e do farfalhar das folhas
Lambidas pelo vento, que também varre a poeira
Semeada na estrada que traça caminho pelas árvores.
Mas há também os ouvidos que ouvem as fadas,
Esses mais do que ouvem, pois escutam o inaudível.
Passa muita coisa pela estrada a todo o tempo,
Pela estrada passa mesmo de ti toda a minha
Inteira e infinita saudade. Na estrada passa
Mas não em meu coração.

S. Quimas

Nenhum comentário: