quarta-feira, 18 de junho de 2014

Em mim ainda resta muito de ti, senão tudo

Arte: Alexey Gorovin


Em mim ainda resta muito de ti, senão tudo...
Na taça ainda não lavada a marca da tua boca,
Doces lábios que eu quero tanto beijar, contudo
Já não posso e minha esperança faz-se pouca.

Não creio mais que um dia tu voltarás para mim,
Que abrirei a porta e o teu perfume delicado
Retorne impregnando todo o ar à volta, enfim,
Que perdoes a mim e a todo o meu triste pecado.

Eu sei, não há perdão possível, não vindo de ti.
Fiz-te sofrer, mas não foi por desejar fazê-lo,
Mais dor do que tu, ainda maior que a tua senti,
Pequei muito mais por adorar-te e pelo zelo,

Do que por qualquer muito grave e indigna ofensa,
Que em qualquer momento possa ter cometido
E, hoje, colho do amor que dei a indiferença,
O teu silêncio que me sufoca e faz perdido.

S. Quimas

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