quinta-feira, 26 de junho de 2014

Infância

Arte: Eugenio Zampighi


A infância se mascara de tragédia e cresce,
Perde seu frescor e sua espontaneidade,
Permite-se ser mutilada em sua inocência
E troca sua pureza por roupas de marca.
Já não mais se exibe por sua graça natural,
Mas pela joia material buscando a inveja.
Endurece o coração na ganância do ter,
Esquece-se dos valores mais profundos
Do apenas viver desfrutando cada momento.
Perde a magia, pois pára então de sonhar,
Acreditando que sonhos são tolas fantasias
Que jamais se tornarão um dia possíveis.
Trancafia-se no calabouço de suas frustrações
E reprime tudo que não tenha um fim prático.
Assim a infância vai esfalecendo até morrer,
Até que seu cadáver seja só uma lembrança,
Gravada em fotos desbotadas de um álbum
Sepultado no fundo de uma gaveta qualquer.


S. Quimas

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