terça-feira, 17 de junho de 2014

Minha vida é um poço sem fundo



Minha vida é um poço sem fundo,
Um abismo em que meus dias se arremessam.
Até os amores que tive me afligiram.
Se me amaram, não sei,
Porque do amor só recebi desgosto.
O único ente que me aconchegou em seu seio
E ainda permanece fiel à minha paixão é a arte.
Dessa não me queixo. Sempre está a me consolar.
Mesmo em meus momentos de maior dor,
A arte faz do meu sofrimento poesia,
É a minha voz.
Voz não, grito...
Não sei se culpo a mim mesmo ou ao destino
Por essa tragédia que é o meu existir.
Eu debruço sobre o parapeito das minhas tristezas
E meus olhos se arregalam para a imensidão do mundo,
Mas, mesmo assim, não consigo ver um palmo à minha frente.
Não há esperança, a dor me fez cego para a felicidade
E isso só me torna ainda mais infeliz.
Se quem lê meus versos se cansa da minha ladainha,
Melhor é que não os leia mais.
Vai poupar-se de toda essa amargura,
Pois a poesia acaba por contaminar a quem a lê.
Essa é a arte, a sua finalidade, imiscuir-se na alma alheia.
Eu já não tardo em deixar a pena,
Pois se fosse confessar em meus poemas
Tudo o que se passa em meu espírito,
Faltaria papel nesse louco mundo para tal intento.
Assim, melhor que cesse,
Que torne minhas linhas mudas,
Que cruze as mãos sobre o peito
E apenas me deixe morrer.

S. Quimas

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