sábado, 25 de julho de 2015

Canto a canção do mundo



Canto a canção do mundo,
A canção da dor de quem grita em meio às trevas.
O clamor dos renegados,
Dos espíritos exilados de estrelas distantes,
Muito além do pensamento;
Da visão que se cega à nossa miserável condição,
À toda a agonia a que nos submetemos em nosso degredo.
Nasceu-me a Luz e minha voz não se esgota no clamor
E hei de estender minhas mãos enquanto uma alma houver
Na escuridão traiçoeira pedindo ajuda.
Sou aquele que permanece fiel até o fim das suas forças,
Até que se esgote um fio de vida.
Sou a aurora não vista, servo de todos,
Um daqueles que vieram para abraçar àqueles de boa vontade.
Nunca fui um abençoado, mas abençoado sempre com Vida,
Vida que está acima da vida, de todas as causas menores.
Não sou existente, sou impermanente,
Lacaio de toda a esperança que jamais se rende.
Sou poeta desse mundo tão desigual, tão vil, tão falacioso.
Sou sua voz e testemunha de sua pequenez,
De todas as suas mais profundas misérias e iniquidades.
Mas, também sou aquele que ilumina,
Que do amor fala, não como inatingível, porém vivido,
Palpável como a brisa que roça arrepiando a pele.
Do amor eu falo, contudo não por sua constância em tê-lo,
Porém de tê-lo em verdade profundamente sentido.
Não preciso de testemunhas que corroborem com meu dito,
O que sinto pertence a mim, e a tudo com que compartilho.
Em minha poesia eu não falo mentiras — até omito para que o seu
Tremendo peso não seja como o soco de um boxeador.
Não há inverdades nas minhas palavras,
Só há total sentimento, só há o grito que grito, nada mais.
Não há imitação de estilos, ou muita concisão em minhas palavras.
Minha poesia é minha. Nunca tive ídolos.
Não perco tempo entregando minha alma
Para aquilo que é passageiro.
Sou parte de mim mesmo e da minha totalidade.
Não preciso de deuses que não são aquilo que eu seja em mim mesmo.
Tenho dito coisas que o mundo queria dizer, mas não tinha virilidade.
Não porque seja eu Homem, mas porque havia de dizer e mais nada.
Outras digo e que não soam bem ao ouvido de uns.
O que posso fazer? Se é que isso me ocupa de algum modo.
O que tenho a dizer, digo. Exatamente, mais nada.
Não para aliviar a carga imensa de minha alma,
Mas porque tenho que dizer. Uma imposição do meu espírito.
Por que faço poesia? Sei lá. Vem... Só isso.
Nem sei se o que faço é verdadeiramente poesia.
É esse jorro, uma profusão de palavras que me tomam por completo.
Não espere que eu tenha domínio sobre isso,
Sou o meio, não a causa, e não o fim.
Você sabe o que é sentir o peso da carga do mundo sobre si?
Não? Então seja poeta e saberá...
Saberá nos mais pequenos e ínfimos detalhes.
Terás momentos de beleza incomensurável
E outros de agonia dilacerante.
Assim é o poeta, alguém que vive no limbo.
Acho que vou terminar este poema,
Sinto-me esgotado.
Não pelo esforço de escrevê-lo. Amo poetizar.
Contudo, por que devo fazê-lo?
Para que todas as minhas palavras
Em uma só coisa se justifique:
Amor, amar, simplesmente.
Nada mais a alegar,
Só a lágrima que escorre pela minha face...

S. Quimas

sexta-feira, 24 de julho de 2015

Estou tão estéril de inspiração

Deserto de Gobi


Estou tão estéril de inspiração,
Que bebo aos goles desertos
De tudo que seja plano, sem sentimento,
Despido de lágrimas ou sorrisos,
Que não me toque e não faça bater
Um pouco mais o meu coração.
O que digo é tão sem mim,
Que o que disse antes
Avaliam-me estar por completo drogado.
Minhas palavras tão vazias
E assim por tão sê-las,
Já não escancaram poesia alguma.
São assim taciturnas e lamurientas
Em toda a fragilidade de suas significações.
Todos meus versos são mal ditos,
Vísceras que apodrecem
Espalhadas no caminho do Inferno
E que nem os abutres
Ousam, por sábios, tocar.
Nada destrói mais do que o apetite
Cismado pela obsessão de escrever,
De traçar letras e compulsivamente
A tê-las em palavras
Que formam frases
E traduzem pensamentos e intenções.
Enquanto me consome o mundo,
O consumo eu, esse intragável alimento,
Sabor sempre o mesmo,
De variedade das mesmas coisas.
Uma hora minha voz se cala...
Em outra? Poesia.

S. Quimas

quarta-feira, 22 de julho de 2015

Versos infames

O planeta Terra
No mundo
A fome maior
É por novidade,
Mas tudo passa,
Apreça-se
Na combustão
Do lucro necessário.
Até o vigário
Há de ter um novo sermão,
Apesar de que os pecados ditos
No outro que fez,
Ainda sejam prática
Dos fiéis.

No mundo
Tudo é moda.
Queria que fosse
Algo diferente,
Mais permanente.
Algo como, como...
A alegria em colaborar,
O amor entre os seres,
O cuidar da natureza,
O respeito mútuo,
A solidariedade...

Mas não é,
Apenas moda.
O mundo?
O mundo é foda.

S. Quimas

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terça-feira, 14 de julho de 2015

Família

Bonobos


Quando os valores éticos das famílias se degradam, toda a sociedade se lança no abismo.
Todo o valor nasce pelo indivíduo, mas em muito se sustenta através do seu meio, e o primeiro e mais essencial é a família.
Se apreciamos decadência no mundo atual, ela primeiramente, quase com certeza, principiou dentro de casa.
Os que dominam o mundo sabem que manipulando as famílias controlarão a sociedade. Assim, criam distrações, necessidades artificiais, expectativas jamais alcançadas, com o único propósito da alienação. Pais e mães se sobrecarregam cotidianamente para proporcionar bens e se alienam dos reais valores da vida em comum. Seus filhos crescem inconscientes do verdadeiro amor e só recebem compensações materiais.
Qual a diferença da droga que vende o tráfico, daquela que barganha um pai pela compensação material de um sentimento que nele não se sustenta em relação a um filho? Um colar de brilhantes, muitas vezes, no pescoço de uma mulher, não passa de coleira que a aprisiona como cadela amarrada a um dono. Muitas vezes, em contrapartida, mulheres também favorecem e dissimulam sua tortura emocional, se entregando a homens apenas por favores materiais.
Quem estamos sendo, ou nos tornando? Reflita.
Pense. Solucione. Antes que sua alma pereça na crença que tudo é assim mesmo. Tudo é, se você ceder.
A maior de todas as revoluções começa em si mesmo. Depois em sua casa. E assim, vai se propagando ao infinito.
Viva a revolução! Viva a vida!
Não precisamos do que nos oferecem. Precisamos, sim, um dos outros!

S. Quimas

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segunda-feira, 6 de julho de 2015

Não me importa sonho

Saturno


Não me importa sonho,
Pois eu mesmo vivo deles.
Não me importa nada,
Todos os seres que se replicam
Como infamante recriação
De absolutamente nada.
Aqueles que nada significam,
Senão ocupam no mundo
O apenas carimbo,
Muitas e todas repetida.
São as formigas contumazes,
Ávidas e vorazes
Em lisonjas.
Lisonjas essas, barganhas.
Chega de pobre coitado,
De todo afamado
Que pode pela fama
Se alçar um deus.
Chega desse mundo de quimeras.
Chega de mim,
Chega de deus.

S. Quimas

sábado, 4 de julho de 2015

Punamos os jovens de modo inexorável

Dorian Gray


Punamos os jovens de modo inexorável, pois talvez não se tornem esse escracho de adultos alienados que muitas vezes nos tornamos. Matemos com justiça pela lei alheia às causas de haver comportamentos antissociais quem cometa crime hediondo, sustentá-los em prisões por toda a vida não basta, nos custarão e o dinheiro é mais importante do que a solução da questão humana.
Demos vazão ao nosso ódio, pois justo, completamente, segundo a concepção de nossa avareza e desconhecimento do valor da vida, pois nossas filosofias e religiões são infestadas de deuses de vingança e quando deles se fala em amor, poucos se aliam à mensagem. Somos satânicos.
Destruamos tudo, mas exatamente "tudo" o que nos é prejudicial em toda a Natureza, até mesmo todos nós, pois que somos um câncer para o planeta, mas antes, destruamos a ignorância, nossa mais irredutível aflição e flagelo.
Combatamos com toda a veemência a consequência de nossos atos atrozes, contudo jamais as causas, essas nos exigem consciência, trabalho intenso e constante.
Somos todos belíssimos. Dorian Gray que o diga. Mantenhamos o nosso retrato no sótão de nossas vidas, jamais o vejamos, pois não há quadro algum, apenas o espelho de nossas corrupções.
Que atire a primeira pedra quem é onisciente.

S. Quimas

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quinta-feira, 2 de julho de 2015

Preferia não te amar tanto

Sri Krishna e Sri Radharani.


À minha Meg Imbelissieri​

Preferia não te amar tanto,
o tanto que te amo,
não ser poeta e não te declarar o meu todo sentimento.
Talvez, o mais comum dos homens,
esse que sustenta a vida
e simplório te acalanta nos teus dias.
Gostaria de ser seu cobertor no frio,
o que te areja no calor.
Mas algo em mim medonho,
como o Inferno que se acende,
muito mais demônio,
pois poeta. É minha alma
repleta de sonhos,
de dizeres que são vozes que a consomem.
Muitas falas e da loucura substrato,
pois te adoro completamente
e não sou mais nada que amante teu.
Prometeu acorrentado,
um que grita e brada
apesar de estar calado,
pois seu coração pulsa à revelia
e declara na vida, esta utopia,
de ti sou e tu de mim,
apenas aquém, o antes, o agora, o sem fim,
toda a poesia que posso,
o Pai Nosso, uma oração,
a rima incerta e lá toda a canção.
Queria... Queria que tu não me tocasses,
que fosses distante de minha realidade,
só pensamento, ilusão, devaneio,
porém tu te fizeste,
não o agora, mas toda a minha Eternidade.

S. Quimas

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