domingo, 29 de junho de 2014

Eu fico aqui compondo poesias para quê?

O Grito da Independência - Pedro Américo


Eu fico aqui compondo poesias para quê?
Elas livram minha alma, me acalmam?
A poesia só agrava todos os meus dias.
Nem sei se os meus versos sejam poesia.
A única certeza que tenho é nenhuma.
Minha vida é uma eterna bruma,
Um nevoeiro que destrói todas as minhas forças.
Mas, gozo com os versos que faço.
Como pode alguém ter prazer com versos
De tristeza e solidão? Sei lá, gozo.
Um dia, sei lá, numa Ave Maria qualquer,
Os fiéis os recitem.
Isso é coisa de um demônio, mas não sou?
Imagina a cena. Imagina se possível...
Nada é possível e possível é tudo,
Basta que se movam as peças
Nesse xadrez da vida de modo adequado.
Contudo, a minha incompetência é grande
E tremenda é a minha indiferença a isso.
Basta-me a arte, o canto, ou porcaria nenhuma.
A poesia, a poesia, ela sempre.
Desde a infância ela me domina.
Há os grandes, sou o menor dentre todos,
Mas enquanto tiver garganta, eu grito.
Pois o meu canto é forte,
Voz do Infinito!

S. Quimas

Nenhum comentário: