terça-feira, 3 de outubro de 2017

A verdade na palavra

Artista: Nikolai Blokhin.


Tem mais verdade na palavra de um demente, do que na prosa de um político e de um religioso.

S. Quimas

terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Poesia é vida

Jules Bastien-Lepage - Outubro


Poesia é vida,
Sonho e vigília.
Poesia é o possível realizado
E o todo impossível do mundo.
Não questiono mais.
Só sigo... Abduzido por ela.
A poesia me leva a conjecturas,
Que nem os deuses
E toda filosofia me levaram.
Trouxe-me para a loucura,
Mas por caminhos de prazeres sem fim.
Vivo o mundo inteiro,
Um deus, ou o que seja lá isso.
Incorporado por devaneios, delírios, deleites,
Sendo eu, eu mesmo e todos os seres.
E muito mais:
Toda e completa existência.
Sou assim a minha essência
E a própria vida.
Sangro em mim o mundo inteiro
E me curo na minha
Própria ferida.

S. Quimas

Janeiro já termina



Janeiro já termina
E eu abraço o vento
E me faço irmão de todas as tormentas.
Sou os raios que chispam
No manto cinza em convulsão.
Sou a água que lava a terra
E o cheiro bom que dela nasce,
Inundando todo o ar.
Sou o canto grave dos trovões
E a vibração que faz tremer as janelas.
O ruído das gotas salpicando os telhados
E sou também elas a escorrer pelas calhas,
Morrendo no chão das calçadas.
Sou o dilúvio que assola
E a rega que faz germinar os campos.
Sou o que traz o verde da vida nascente
E o preto do luto pelos que partem nas tragédias.
Sou a glória da Criação
E a ira do Criador.
Sou a devastação que aniquila
E a singela gota que passeia
Pela pétala umedecida de uma flor.
Sou completamente tudo...
Todos os meus imprecisos delírios,
Meus todos e grandiosos devaneios.
Sou o êxtase do mundo
E o apagar-se em sua morte.
Sou a areia, que arredia se levanta nos desertos,
A chuva que esbate o solo,
O vento que sussurra na brisa
E o que grita tremendo nas tempestades.
Minha alma está assim de tudo repleta,
Pois a sorte me fadou a ser poeta.

S. Quimas

sábado, 23 de janeiro de 2016

Eu quero me matar de sorrisos

Ivan Shishkin - Manhã Enevoada

Eu quero me matar de sorrisos
E tantos deles que me alucinem.
Não quero ser nada razoável
De tudo o que não seja eu mesmo.
Não quero acordar cedo,
Mas quando acorde,
Que levante embriagado de vida.
Quero tanto
E sou apenas tão somente mero:
Tudo o que fui,
O que sou
E o que viverei.
Em mim não há razão,
Somente a embriaguez dos meus dias,
A companhia de um porvir
Imaculado como uma hóstia.
Contudo, a hóstia é ceia
E devo provar o cálice,
Finda a reunião, do meu sacrifício.
Por que chamar de paixão
Um destino de morte.
Há quem se apaixone
Por tal sinistra sorte?
Sei não. Poesia é quimera,
Coisa de estúpido,
De quem não vive a verdade,
Essa estupidez desse mundo.
Um desigual,
Onde todo o sentimento é proibido,
Onde amar não é sentido,
Mas renúncia à verdade.
Enfim... Onde tudo tem que ser
Exatamente o que é.

S. Quimas

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