terça-feira, 24 de junho de 2014

As minhas horas são todas a minha ruína

Cavaleiro na Estepe Russa - Christian Adolf Schreyer


As minhas horas são todas a minha ruína,
Um calabouço sem fim que me aprisiona
A esse mundo desconexo e absurdo.
Ah! Poesia que me faz assim sofrer.
Sou o quê? Um alucinado só isso.
Rima maldita que me persegue, assim,
Um poço sem fundo.
Quero apenas tu,
Poesia, sem rima, sem métrica, verso,
Apenas uma construção impensável,
Mas que seja justa, imortal,
Aquela, toda ela, que me fale ao coração.
Não há razão para que não dissesse.
Sou apenas um poeta, talvez nem isso.
Aquele que traduz em versos o amor.
Ah, o amor! Que é ele em si? Devir? Jamais?
Coisa imprecisa, um sentimento.
Do amor, o poeta fala com elegância,
E por que, por que, e por quê?...
O poeta fala do que sente,
Mas o jamais verdadeiramente real,
O correspondido,
Algo que lhe seja dedicado.
Eu procuro por abelhas...
Sim, simplesmente abelhas.
Ah! A flor. As abelhas,
E talvez nada mais.

S. Quimas

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