quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Aguarde-me a pérola



Aguarde-me a pérola,
No vazio do mar. Aguarde.
A pérola não é grão de areia?
Um infinito nada,
Mas de um grão de areia
A joia se produz.
Nada em minha poesia é joia,
Diamante ou pérola.
É grito....
Apenas.
Vós que sois
E eu este, nada.
Apenas poesia.
Como poesia mero ator deste mundo,
Qual?
Mundo sem fundo,
De identidade nenhuma.
Mundo de quimeras,
De bestas feras.
Hoje olho e a minha montanha queima.
A primavera chega
Para que os ninhos sejam consumidos em chamas.
Esse o mundo...
Quimeras...

S. Quimas

terça-feira, 23 de setembro de 2014

Que o mundo seja poço sem fundo, pois me chamo Raimundo!

Saturno e a Terra


A mão que acaricia multidões jamais vai evitar corrigir qualquer injustiça. Aquela que, sim, tomará postura e botará suas unhas na reta.
Ainda não morri e tenho visto esta nação sucumbir a um programa de destruição, onde o "ser" está falindo pelas facilidades do crédito e pela ilusão da tecnologia.
A influência da mídia está total. Raras cabeças pensam.
No momento final, a acomodação. Uns se refugiam nas religiões, outros no "não mudo nada".
Muda sim, Porra! Muda quando você muda, quando você não é massa de manobra, quando o seu interesse não é uma TV de não sei quantas polegadas e sente orgulho por ter essa merda, que não é nada... absolutamente nada vezes absolutamente nada.
Já olhou seu pênis, quantas polegadas tem? Já olhou tua vagina? Pensou Porquê teu marido é fiel só à sua?
Não é por causa de pênis e vaginas que a sociedade se constrói e se mantem estável, mas por causa de ideias e ideais. Não é a tecnologia e as Casas Tal... com seu crédito de 36 meses que fazem a felicidade.
A felicidade é simples, foco em superação, em nos tornarmos melhores, em, ao menos, estarmos conscientes.
Gerações passam. Estuda tu história, tudo se repete. E, se repete, é porque o ser humano é incomensuravelmente leviano e preguiçoso para pensar por si mesmo, para assumir seus deslizes. Aí escolhe deuses e demônios para se justificar.
Poderia xingar agora, mas não vou: um beijo na boca da humanidade e que as flores continuem nascendo apesar de NÓS.

S. Quimas

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domingo, 21 de setembro de 2014

Hoje não há poesia

Laelia Purpurata


Hoje não há poesia,
Não tem sonho, devaneio.
Hoje simplesmente o tempo passa
E faz escárnio da vida,
Aquela mínima, sem sentimentos
E ilusões, sem alma e delírios.
Hoje, hoje não há espírito
E o fôlego só mantém o corpo.
Quem sabe, amanhã haverá,
Mas hoje, hoje não.
Hoje os versos fogem, parecem coriscos,
Não há tempo para versos,
Não há para qualquer mínima rima.
Hoje? Hoje não há.
Hoje é um dia seco e estéril,
Como um deserto,
Um amontoado de areias e pedras
Crestado pelo sol abrasador
Que a tudo cresta e consome.
Assim é a luz, assim esse dia.
Um dia de surdez a qualquer inspiração,
Um nada fazer e apenas deixar-se estar,
Um tempo de nada,
Onde a areia escorre pela ampulheta
E a tempo algum marca,
Pois mesmo o tempo não deixa marcas,
Nada muda,
Tudo é como um lago, espelho perfeito
Sem que o vento lhe agite a superfície,
Sem nenhuma transformação.
É assim, nada mais.
Hoje não há poesia
E não sei realmente se amanhã haverá.
Sei de agora, desse ínfimo e exato momento,
Sei que poesia não há.
Penso na face escura da lua
E ao mesmo tempo, que me importa isso...
Nada.
Só sei que não há poesia agora,
Mas, quem sabe,
Poesia haverá.
Não sei quando,
Mas talvez minha alma seja laçada
Pelo raio de uma estrela qualquer
E em mim volte inspiração
E eu apenas declare em um verso
A grandeza de tudo isso,
Da vida e de toda visão,
Que me consuma na loucura,
No sonho e em todo devaneio,
E assim me dê,
E assim me vá.
E assim, apenas,
Me imole em poesia.

S. Quimas

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Entre os crentes e os profanos,

Sirin e Alkonost - Viktor Vasnetsov


Entre os crentes e os profanos,
Prefiro a minha ignorância.
Ao menos a admito, ao menos a sei.
Sabedoria de quem tenha postura
E não possa mudar de opinião
E se redimir de seus erros é como um relógio paralisado no tempo.
A cada momento temos que ser mais,
Aliás não temos...
Que nos recubra a ignorância
E que a capa que nos agasalha seja de nossos interesses mesquinhos.
Quem tiver certezas me abandone,
Pois sou toda a possibilidade.
O que sei são quimeras.
O que sou, imponderável.
Abandono esse ringue de pessoas convictas,
Pois a minha única convicção é nada.
Sou nada, vivo nada,
Nada é minha fala e jamais estarei certo.
Leio e releio o que digo e penso: cara, por quê?
Aos absolutos, adeus.
Aos filósofos, adeus.
Pois que o meu Deus é de incertezas
E não de vãs verdades,
Está sempre a esmiuçar toda a possibilidade.
A vós crentes, deixo o que sou...
Nada, apenas nada e nada mais.
Me desconsiderem, pois sou o que sou, nada.
E o que sois?


S. Quimas

Cumpriram-se as profecias

Gollum - Cena de O Senhor dos Anéis


Cumpriram-se as profecias
E o delírio de todos os profetas.
Já não há graça,
O mundo segue órfão,
Pois o pai e mãe do mundo
É, em real, aquilo que jamais conhecerá,
Mas conhece os tutores:
Ignorância e ganância.
O mundo consome o seu próprio corpo,
Se esgota em si mesmo.
Resguardem os infantes,
Torne-lhes a vida ao menos amena,
Pois a hora dos demônios chegou.
A insanidade nasce com o sol de cada dia
E a esperança fenece após um segundo.
Assim é...
Não lamentem o já esperado,
O tudo que a profecia revelou.
Nada há de mítico nas palavras,
Somente há pura constatação
Do fracasso vergonhoso dessa raça indolente.
Louvam a um deus de que nada sabem,
Pregam misericórdias que não praticam.
Sua religião é imunda,
Pois declara a condenação de si mesmos.
Seja assim.
Os homens se tornaram punhais de si e de tudo.
Armas que esfacelam a toda a coisa.
Não há mais luz,
Talvez muito pouca para ser de fato percebida.
Só gritam sombras no dia.
Zumbis atravessam as ruas
Dominados pela tecnologia.
Vãs são suas preocupações,
Não mais, se houve em algum tempo,
Consciência.
Que há o poeta de falar em seus versos,
Se não o que constata em seus sentimentos?
Vômito é o que resta.
Alívio às trevas que consomem os dias e noites,
O simples jogar para fora
A infâmia de qualquer contaminação.
Não que virgindade haja,
Mas há um mínimo,
Um mínimo mesmo,
De dignidade.

S. Quimas

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Aos poucos vai se apagando a vela



Aos poucos vai se apagando a vela.
É assim, consumida toda a cera.
Mas, a luz se faz mais intensa
E há claridade na escuridão das noites.
Nada é tão intenso
Como o sonho da Eternidade porvindoura,
Não há maior delírio.
Não, não há.
A vela clareia tempos
Que se perdem no eco de existências muitas,
Desvela segredos e formas.
Algo de melancolia em sua chama,
Pois tudo o que se recorda
Se esvai no tempo.
Estou partindo a cada instante
E, em mim, a todo momento
Outro vem.
Não pertenço a mim mesmo,
Sou deus de contínua metamorfose,
Imagem de um caleidoscópio
Que usa das mesmas peças,
Mas jamais replica no infinito
A mesma imagem.
O corpo já não suporta mais a Luz,
Essa cega a vida.
A vida o que é?
Vela...
Chama acesa na escuridão de um dia claro de sol.

S. Quimas

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

A vida passa

A Amante de Fazio - Gabriel Dante Rossetti


A vida passa,
Mas sem Graça.
E ela?
E eu?
Graça se foi
E eu vou depois.
Não há motivo de pesar,
Ela se foi.
Simplesmente se foi como um passarinho.
Dormiu e não acordou.
Não voou.
Se voou foi em seu último sonho.
Melhor assim.
Melhor dormir
E quando acordar,
Acordar outro.
Livre, livre.
Não que seja um fardo a vida,
Não o é.
Circunstâncias e momentos apenas.
Mas Graça se foi.
E a vida sem Graça,
Graça nenhuma o tem.
Mas vivo,
Continuo,
Continuo vivendo essa vida sem Graça.

S. Quimas

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segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Chega a noite

Mitologia - John Prassas


Chega a noite,
Sombras recobrem o mundo,
Mas no céu... Estrelas, às vezes nuvens.
A noite é sempre a mesma,
Mas totalmente outra.
Por que o paradoxo?
Não é a noite em si,
Mas tudo o que vivo.
Sou eu, em minha caminhada,
Que mudo o Universo.
Assim são meus versos,
E por hora parto.
Estou completamente farto
E faminto de verdade.
Porém, a verdade não é essa,
Nem todas as que possa imaginar.
Todos são apenas sombras?
E deles mesmos? Nada?
Só imagens, melhor, miragens,
Pura ilusão.
Melhor a melodia simples,
Uma moda de viola
Do que toda a complexidade erudita.
Contudo, a música não me satisfaz completamente
E minha alma mergulha
E o mar da minha vida é um abismo.
Não sou peixe...
Mas vou, me atrevo o Infinito.

S. Quimas

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sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Eu tenho apenas medo

Hamlet - Lawrence Olivier


Eu tenho apenas medo,
Medo como um cão que fuça o lixo
E olha à sua volta
A procura de quem lhe rechace.
Eu tenho medo,
Medo dos convictos,
Daqueles que jamais questionam suas crenças,
Daqueles senhores de si que seguiram
E só seguem um único modelo.
Tenho medo das religiões
Que são artigo de crença,
Que não se questionam,
Que jamais filosofam as razões.
Tenho medo...
Medo de duvidar de tudo
E ainda assim, duvidar.
Tenho medo de minhas crenças,
Do “eu sei”,
Pois o “eu sei” é congelante,
Estagnante e nada mais.
A filosofia não é hermética,
Herméticos são os passos dos contidos,
Daqueles que não se atrevem além.
Não busco glória e aplausos.
O que busco nem eu sei,
Tamanha a dúvida,
Tantas as indecisões.
Mas sigo assim vivendo
Entre um verso e outro
E a vida se faz em mim poesia.


S. Quimas

terça-feira, 9 de setembro de 2014

Sou todas as desgraças

Solidão Paranoico-Crítica - Salvador Dali


Sou todas as desgraças
E apenas o sorriso de uma criança,
A vida que nasce
E a morte que leva.
Em cada verso, tudo, nada,
O mais científico
E o total descabido.
Sou poeta.
Meus ritmos não agradam a todos,
As palavras que digo são estultícias,
Descalabros.
A outros soa sabedoria.
Que fazer?
Apenas escrevo linhas desconformes.
Umas torpes, outras iluminadas.
Vêm-me. Vêm assim, nada mais.
Não peço que se agradem,
Não imploro perdão,
Sou reto, apenas.
Sou poeta que trago flores,
Mas não me ausento de punhais.
O que digo em meus versos
São nada mais o que minha alma
Regurgita e infindamente mastiga,
Dia após dia, hora após hora,
Minuto após minuto,
Em todo instante.
Minha mente me apavora.
Quantos calabouços
E quantas paisagens tranquilas.
Quem haverá de perceber a minha loucura?
Quem o irmão de minha alma?
Quem? E, afinal, ninguém.
A minha vida,
A mim me pertence,
Cabe-me vivê-la e nada mais.
O sabiá tem seu ninho,
Eu não tenho nada.
Sou poeta
E ser poeta não é ser nada.
Passagem, palavras ao esmo,
Nada mais.
Grito para ouvidos que não me ouvem.
Falo para ninguém,
Mas ainda assim falo e grito.
Sou poeta.
Ainda duvido,
Mas sou.
Poeta de quê?
De quê?
Do que sou
E mais nada.

S. Quimas

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domingo, 7 de setembro de 2014

Eu sou sonho



Eu sou sonho.
Descabidamente sonho,
Irrevogavelmente...
Sonho.
Filosofo quimeras,
Cuspo na língua quando me aprouver,
Rimo quando quero
E, às vezes, até faço poesia.
Há quem me creia terrível.
Sou.
E se o sou não é por prevaricação,
Mas por toda a cadência poética de minha alma.
A humanidade se curva para os grandes.
Onde estão todos?
Não há grandeza nessa geração.
Se peneirarmos, o diamante será pedra,
Pedra sem qualquer valor.
Há os medianos,
Mas os imensos, deuses, não.
A esperança está nos demônios,
Em criaturas ensandecidas.
Mas melhor assim,
Pois as beatas e os carolas só repetiram rezas.
Melhor assim.
Não há o que se duvidar
Que melhor é a embriaguez
Do que toda a estúpida sabedoria
— se o é—
Desse mundo torpe.
Por agora faço versos,
Noutra virei por aqui com espadas.
Aí me aturem!
Pois cortarei legumes
E farei uma sopa
E servirei aos indigentes de alma.

S. Quimas

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sexta-feira, 5 de setembro de 2014

O que me apavora

A Neve Está Chegando - Abram Ahipov


O que me apavora
Não é a ignorância,
Mas a exata certeza daqueles que não duvidam.
Esses que se insuflam de textos
E não pensam por si mesmos.
Que são capazes de citar
Toda a linhagem de Sócrates,
Mas são vazios de filosofia própria.
Parecem estantes de livros,
Máquinas fotocopiadoras
E apenas reproduzem o que viram, ouviram, leram.
Não condeno nem a visão, nem a audição, nem a leitura.
Aliás, quem sou eu para condenar alguma coisa?
Só não suporto a interminável ladainha dos intelectuais.
Essa coisa recitativa,
Moto perpétuo de memórias que não lhes pertence,
Pois não viveram.
A filosofia é uma caixa de Pandora
E a poesia uma dor de coluna
Para os sábios virtuosos.
Onde a verdade?
Que verdade, se a cada instante tudo se transforma
E a impermanência de tudo é tão visível?
Onde as certezas?
Só vaidade e ilusão.
Melhor o sonho,
Pois sonhar é algo,
Verdade é abstração.
Condenem-me, me levem ao Gólgota.
A cruz é para aqueles que ousaram,
Não para os conformados
Da eterna mensagem repetida.
Prefiro a cegueira
Do que a lucidez dos reflexos.


S. Quimas

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Sanidade

Um casal com suas Cabeças totalmente nas Nuvens - Salvador dali


Porque a renúncia ao estado humano e a aplicação ao delírio e à insanidade requer coragem. Poucos, aliás, raros se habilitam.
Deuses são falácias, resultado de aspirações somente.
Em nosso tédio, falamos de morbidez. Quando o álcool de nossos sonhos nos domina, aí somos lúcidos.

S. Quimas

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A flor vai se desvanecendo



A Joly Braga Santos

A flor vai se desvanecendo
Tal qual paisagem encoberta pela névoa.
Não lhe sobram dias.
Quiçá horas a sustente. Minutos.
Quiçá...
Não há vigor em sua natureza,
Mas na sua efêmera beleza.
Essa nos deixa marcas,
Indeléveis imprecisões do tempo que se extingue.
Tudo passa,
Também passa a flor e toda a sua exuberância,
Seu perfume, a cor, a forma.
Restam memórias,
Essas que com o tempo
Transformam-se em vagas lembranças,
Imprecisão.
Assim é a vida que jorra em morte,
Que se esvai em nadas ou dúvidas,
Que consome eternidades.
É assim, uma infinita impermanência,
Uma constante metamorfose.
É como uma sinfonia,
Apenas estados de alma,
Sons que evoluem no tempo,
Desapego de formas
Para criá-las outras.
É a fome e o vício de Deus
De eternamente criar
E recriar, e recriar, e recriar...
Tudo deseja eternidade,
Mas eternidade não há.
Não do ser o mesmo.
O mesmo não existe para o tempo.
O tempo devora a tudo
E a tudo transforma.
Nem mesmo versos impressos
São os mesmos numa segunda leitura.
A cada instante outro estado de alma,
Outra compreensão.
As peças são as mesmas
No caleidoscópio da vida,
Mas sempre imagens outras.
Nada há de triste nisso,
Só o frio espelho do tampo da mesa
Que colhe da flor
A primeira pétala que cai.
Reflexos?
Imagem contraposta do absoluto
E nada.

S. Quimas

terça-feira, 2 de setembro de 2014

Eu sou assim



Eu sou assim:
Um impagável vício de memórias,
Pois memórias são o que me resta
E disso, nem isso, presta.
Memórias de quê?
Apenas cadências do tempo,
Uma música que flui em pianíssimo
Na minha alma louca e desajustada.
O que deveras deveria ser para satisfazer a todos?
Sei lá resposta...
Satisfazer, como se ser satisfatório
Fosse a resposta da vida.
A vida é para ser simplesmente
Vivida. Mais nada e ponto final.
Ou talvez reticência.
Melhor assim. Incógnita.
As pessoas amam incógnitas,
Nuvens diáfanas,
Imponderabilidades.
Quanto mais distante,
Mais quisto, mais refinado.
Tudo o que não se compreende
E aponta para o nariz da nossa ignorância
É extremamente bem vindo.
Falar de poetas, citá-los, é nobre.
E as tantas nulidades
Que preencheram o covil da humanidade nestes todos séculos?
Quem as lembrará.?
Sim, impróprio.
Ponto final e uma questão.
Quanta transgressão à língua,
Mas assim há de permanecer.
Como se o que derramo em minhas transgressões
Tivesse a possibilidade de perdurar.
Perdura o nada.
As estrelas que se consomem
E arrastam planetas,
E o Universo inteiro.
Não há dor nisso.
Há somente constatação.
Feliz a criança que de nada disso
Tem a mínima noção,
A não ser eu...  Eu
Que desde criança já era essa infâmia.
Infâmia de saber-me
Apenas frágil,
Um Ser Humano.

S. Quimas