terça-feira, 12 de maio de 2015

Quem sabe um dia eu realize

Grigory Karpovich Mikhailov - Prometeu


Quem sabe um dia eu realize,
Faça algo de proveito,
Alguma coisa extraordinária,
Algo que eu me arrependa,
Mas me arrependa tanto,
Que me transforme.
Não porque o algo que faça
Seja de todo o mal,
Que seja atitude de um santo,
Porém para que a mim significado tenha,
Tenha totalmente em minha vida.
Por hora caminho na estrada,
Nada mais do que caminhar.
Minha obra não se completa,
A fome não se sacia,
Queria orgia? Não.
Mas a tenho,
Versos aos milhares.
Assim o poeta se contenta.
Imensa é a solidão
De estar em um mundo,
Este de insensíveis.
Contudo, assim permaneço,
Pueril, criança que jamais crescerá,
Brincando com sonhos,
Construindo rimas ou não,
Mas tudo, quantos poréns,
Mas... Apesar de menos,
Apesar da angústia,
Meu banquete é para se fartar,
Minha mesa? Todos os pratos
Para quem se alimente de sonhos.
Poesia herética, devir e nada
Neste exato momento.
Não que eu sofra,
Não sofro a vida,
Nem a chaga que isto é.
Sofro os sonhos,
O desejo de mim mesmo,
Pois já sou um perdido,
De mim não sou aconchego,
Apenas coleção de memórias,
Retórica de encarnações
Em um mundo de falácias, mentiras, torpe.
Não que eu não ame o mundo,
Não que não ame pessoas,
Se é que eu ame.
Duvido que saiba,
Mas não que não.
Lá fora, uma música toca,
Mas, outra vez o mas,
Mas a minha realidade
Não é esta canção,
Ou é.

S. Quimas


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