quinta-feira, 14 de maio de 2015

Quem sabe amanhã não seja outro dia?



Quem sabe amanhã
Não seja outro dia?
Quem sabe?
Quem sabe hoje,
Este dia seja tudo?
Quem sabe?
Nossa mente divaga...
Tudo o que aprendemos,
Todo nosso pensamento,
É apenas incerteza.
Diz-me aí, o que te resta?
Quero resposta honesta.
Resta-te apenas este momento,
O caldo do espaço-tempo.
Aproveita e goza.
Goza assim como a flor que surgi
E não sabe o mundo.
Sabe apenas o efêmero.
Talvez a flor seja inconsciente,
Mas não se atribule,
Nasce.
Não busque seduzir, não.
Apenas vem à existência.
Quantas flores surgiram e feneceram?
Milhões.
Pior os grilhões,
Que nos fazem
Jamais nascer.
Não porque estejamos aqui,
Que sejamos vivos.
Quem repete sonhos
É apenas clichê.
Caminho nas sombras,
No delírio eterno de mim mesmo,
Mas caminho,
Não me acovardo perante
À toda minha imensa insuficiência.
De mim não sei.
Se sei, são pelas contas que chegam.
Ah! Essas são fatuais.
Se vivo, devo,
Somente por viver.
A humanidade é estulta,
Não compreende o que é viver.
Abraça modelos,
Se enquadra.
Caminho lá, pueril,
Naquela estrada outra.
Aquela que faz sonho.
Por tal me condenam.
A minha pena?
Ser-me.
Não que eu seja exemplo.
Sou dentre muitos,
O mais entre todos,
Meramente um pária.
Pior, ainda esbravejo.
A poesia que me inunda
E me inunda de tal maneira,
Que eu mesmo não
A restrinjo em mim.
Tenho o despudor
De lançá-la no tempo,
Tenho a lascívia
De fazê-la pecado imenso,
Praticado a todos.
Não há a menor modéstia em mim.
Me creio poeta.
Talvez possa ser meio pueril,
Como a criança que fez uma descoberta.
Possa ser que eu não tenha acordado
De toda a minha infância
E assim prossiga um sonâmbulo.
Faço poemas indigestos como este.
Que dúvidas têm
Que não são apenas delírios.
Não sou...
E nem serei no mínimo razoável.
Cachorro que fuça lixo,
Um deplorável,
Mas preciso.
Tantas vidas eu tive,
Porém ainda estou aqui agora.
Flor que nasce,
Para num outro instante,
Apenas ir embora.

S. Quimas

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