domingo, 26 de abril de 2015

Sou eu poeta?

Wilk Wieslaw - Marinha


Sou eu poeta?
Por quê?
Declaro sonhos em linhas?
Falo nos meus escritos de delírios?
Já não sigo rota,
A nau da minha vida se perde.
Praia ou porto não diviso
E o oceano sem fim
É todo o meu destino.
Quisera eu contar grãos de areia,
Ou ouvir o som de meus pés
Nas tábuas carcomidas de um cais...
Minha alma não repousa
E adormeço na tempestade de meus pensamentos.
Não me admite repouso a vida,
A tormenta é minha constância.
Tenho timão à minha mão,
Mas me falha a bússola.
Perdi o norte.
Quem sabe, um dia tenha
De volta a sorte
De reencontrá-lo.
Frente a mim apenas uma xícara,
Nela o café fumega.
Penso nos vapores
E na vulnerabilidade da vida:
Agora estou aqui,
Daqui a pouco não permaneço.

S. Quimas



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