sexta-feira, 8 de maio de 2015

Não sou nada

S. Quimas - Encontro dos Rios


Não sou nada.
Se nada fosse
Seria algo concebível.
Mas não sou mesmo
Algo.
Tenho desdém de mim mesmo.
Luto sou em minha poesia,
Mas mesmo a terra não me recebe o corpo.
Rompo os grilhões que me aprisionam,
Mas ainda assim a mim condenam ao desterro.
Não pertenço à pátria,
Nem a minha vida toda.
Sou aluguel de casa de sonhos.
Vivo assim tão em mim,
Que já não me suporto.
Me preferia morto,
Quisera tal,
Perscrutar as minhas insanidades,
Não jogar xadrez
Com minhas verdades.
Porque ser poeta é um vício
Maior que todos os outros.
Na poesia me embriago mais
Do que com todos os vinhos.
Os vizinhos meus são tolos,
Não sabem de mim mesmo.
Sou o que volta,
Uma vida mais,
Assim da vida prisioneiro,
Falas.
Eu que no passado,
Encantei a todos vós,
Hoje sou mudo
E o encantamento perdi.
Já sonhos não tenho,
Só me resta... a poesia.

S. Quimas

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