segunda-feira, 25 de maio de 2015

Todas as nuvens

Arte: Jose Luiz Munhoz


Todas as nuvens
Que me chegam a meu céu
São imensas auroras de tingidos rubros e alaranjados.
Já não são todos anjos,
Esses me abandonam.
Querubins de renúncia,
Já não me suportam.
Serei vil?
Não. Poeta.
Encarno em mim Deus
E o todo outro o profano.
Sou aconchego
E total abandono.
Sou rima,
Mais ainda sem sê-lo, desafio.
Sou como rio
Que corre para o mar.
Sou o sulco da terra
Vazada por todas as águas.
Mar, terra e ar...
Não sei de mim,
Nada sei,
Somente amar.
Não a mim,
Posso fundo,
Eternamente a mim de mim moribundo.
Beijo jamais dado,
Aquele que eternamente arrebata.
Virgem de mim mesmo,
Pois jamais completo
E assim tão repleto de tanto,
Que transformo a minha dor e pranto,
Nessa torpe harmonia,
Que chamo, se merece,
Poesia.

S. Quimas


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