terça-feira, 4 de novembro de 2014

Memórias

Ilustração: Norman Rockwell


Não tenho sido a minha vida inteira uma pessoa muito razoável. Fui uma criança excêntrica, que muitas vezes se debruçava sobre livros e preteria as brincadeiras com os amigos. Enfurnava-me em meu quarto e só saia dali para comer e ir ao banheiro. Isso por dias seguidos quando em férias. Outras vezes, até me comportava, sendo uma criança como qualquer outra.
Quando adolescente, minha vida não foi muito diferente, mas gostava de ir aos bailes e suar um pouco a camisa nos fins de semana.
Desde os cinco anos me envolvo com a arte. Ela me foi, entre todas, minha companheira mais fiel. Aos dez comecei a pintar e venho fazendo isso a minha vida toda. Também foi com essa idade que produzi a minha primeira poesia, com direito à rima e métrica. Aos quatorze enveredei pelos contos. São milhares de páginas as que escrevi. Alguma coisa boa, alguma coisa, também, que não gosto, hoje olhando mais criticamente.
Frustrei todas as expectativas de minha família e me tornei artista profissional. Também, trabalhei anos com design.
Não sei. Olhando para trás e vendo por tudo que já passei me reconheço um irreverente, uma espécie de louco, jamais ajustado a qualquer situação. Não tenho estrutura para por muito tempo acomodado. Algo sempre se assanha em mim e eu vivo me despedindo de mim mesmo para ser outro. Possa ser um tipo de esquizofrenia existencial, onde milhões dos que eu fui e os milhões do que sou, emergem a todo instante. Porém, eu não quero cura. Enquanto estou vivo que vivam também através de mim.

S. Quimas

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