sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Delírio

Orquídeas


Meus amigos, meus mais gratos amigos,
Estou aqui para declarar a todos meu desespero,
Minha mais profunda angústia,
Vou pedir que me internem em um manicômio.
Voluntariamente, pois perdi a razão.
Não quero, jamais desejaria tal,
Mas comigo quero que internem
Todos os meus preconceitos,
Minhas atitudes de impaciência,
O terror de meus desrespeitos,
A vilania de minha indiferença,
A covardia da minha falta de atitude.
Quero que comigo se vá
A pobreza dos gestos contidos,
A insânia do amor negado,
A esmola de não me dar por completo.
Quero que as minhas imensas imperfeições
Sejam trancafiadas em camisa-de-força
E eu desapareça no limbo das tarjas pretas.
Não quero visita, pois as drogas me toldarão
E não me reconhecendo, a ninguém hei.
Quero mergulhar no limbo, ir.
Quero sufocar minhas incapacidades,
Extinguir meus limites na ausência.
Não quero ter lembranças, nem presença, nem sonho.
Nem onipotência e nada de absoluto.
Nem poesia, rima, ou prosa.
Texto nenhum.
Quero apenas inconsciência.
Mundo reto, quantas virtudes...
Vou pedir, apenas pedir, nada mais,
Pois a loucura em mim é imensa,
Ainda acredito que seja possível.

S. Quimas

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