terça-feira, 9 de setembro de 2014

Sou todas as desgraças

Solidão Paranoico-Crítica - Salvador Dali


Sou todas as desgraças
E apenas o sorriso de uma criança,
A vida que nasce
E a morte que leva.
Em cada verso, tudo, nada,
O mais científico
E o total descabido.
Sou poeta.
Meus ritmos não agradam a todos,
As palavras que digo são estultícias,
Descalabros.
A outros soa sabedoria.
Que fazer?
Apenas escrevo linhas desconformes.
Umas torpes, outras iluminadas.
Vêm-me. Vêm assim, nada mais.
Não peço que se agradem,
Não imploro perdão,
Sou reto, apenas.
Sou poeta que trago flores,
Mas não me ausento de punhais.
O que digo em meus versos
São nada mais o que minha alma
Regurgita e infindamente mastiga,
Dia após dia, hora após hora,
Minuto após minuto,
Em todo instante.
Minha mente me apavora.
Quantos calabouços
E quantas paisagens tranquilas.
Quem haverá de perceber a minha loucura?
Quem o irmão de minha alma?
Quem? E, afinal, ninguém.
A minha vida,
A mim me pertence,
Cabe-me vivê-la e nada mais.
O sabiá tem seu ninho,
Eu não tenho nada.
Sou poeta
E ser poeta não é ser nada.
Passagem, palavras ao esmo,
Nada mais.
Grito para ouvidos que não me ouvem.
Falo para ninguém,
Mas ainda assim falo e grito.
Sou poeta.
Ainda duvido,
Mas sou.
Poeta de quê?
De quê?
Do que sou
E mais nada.

S. Quimas

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