terça-feira, 2 de setembro de 2014

Eu sou assim



Eu sou assim:
Um impagável vício de memórias,
Pois memórias são o que me resta
E disso, nem isso, presta.
Memórias de quê?
Apenas cadências do tempo,
Uma música que flui em pianíssimo
Na minha alma louca e desajustada.
O que deveras deveria ser para satisfazer a todos?
Sei lá resposta...
Satisfazer, como se ser satisfatório
Fosse a resposta da vida.
A vida é para ser simplesmente
Vivida. Mais nada e ponto final.
Ou talvez reticência.
Melhor assim. Incógnita.
As pessoas amam incógnitas,
Nuvens diáfanas,
Imponderabilidades.
Quanto mais distante,
Mais quisto, mais refinado.
Tudo o que não se compreende
E aponta para o nariz da nossa ignorância
É extremamente bem vindo.
Falar de poetas, citá-los, é nobre.
E as tantas nulidades
Que preencheram o covil da humanidade nestes todos séculos?
Quem as lembrará.?
Sim, impróprio.
Ponto final e uma questão.
Quanta transgressão à língua,
Mas assim há de permanecer.
Como se o que derramo em minhas transgressões
Tivesse a possibilidade de perdurar.
Perdura o nada.
As estrelas que se consomem
E arrastam planetas,
E o Universo inteiro.
Não há dor nisso.
Há somente constatação.
Feliz a criança que de nada disso
Tem a mínima noção,
A não ser eu...  Eu
Que desde criança já era essa infâmia.
Infâmia de saber-me
Apenas frágil,
Um Ser Humano.

S. Quimas

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