sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Cumpriram-se as profecias

Gollum - Cena de O Senhor dos Anéis


Cumpriram-se as profecias
E o delírio de todos os profetas.
Já não há graça,
O mundo segue órfão,
Pois o pai e mãe do mundo
É, em real, aquilo que jamais conhecerá,
Mas conhece os tutores:
Ignorância e ganância.
O mundo consome o seu próprio corpo,
Se esgota em si mesmo.
Resguardem os infantes,
Torne-lhes a vida ao menos amena,
Pois a hora dos demônios chegou.
A insanidade nasce com o sol de cada dia
E a esperança fenece após um segundo.
Assim é...
Não lamentem o já esperado,
O tudo que a profecia revelou.
Nada há de mítico nas palavras,
Somente há pura constatação
Do fracasso vergonhoso dessa raça indolente.
Louvam a um deus de que nada sabem,
Pregam misericórdias que não praticam.
Sua religião é imunda,
Pois declara a condenação de si mesmos.
Seja assim.
Os homens se tornaram punhais de si e de tudo.
Armas que esfacelam a toda a coisa.
Não há mais luz,
Talvez muito pouca para ser de fato percebida.
Só gritam sombras no dia.
Zumbis atravessam as ruas
Dominados pela tecnologia.
Vãs são suas preocupações,
Não mais, se houve em algum tempo,
Consciência.
Que há o poeta de falar em seus versos,
Se não o que constata em seus sentimentos?
Vômito é o que resta.
Alívio às trevas que consomem os dias e noites,
O simples jogar para fora
A infâmia de qualquer contaminação.
Não que virgindade haja,
Mas há um mínimo,
Um mínimo mesmo,
De dignidade.

S. Quimas

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