sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Entre os crentes e os profanos,

Sirin e Alkonost - Viktor Vasnetsov


Entre os crentes e os profanos,
Prefiro a minha ignorância.
Ao menos a admito, ao menos a sei.
Sabedoria de quem tenha postura
E não possa mudar de opinião
E se redimir de seus erros é como um relógio paralisado no tempo.
A cada momento temos que ser mais,
Aliás não temos...
Que nos recubra a ignorância
E que a capa que nos agasalha seja de nossos interesses mesquinhos.
Quem tiver certezas me abandone,
Pois sou toda a possibilidade.
O que sei são quimeras.
O que sou, imponderável.
Abandono esse ringue de pessoas convictas,
Pois a minha única convicção é nada.
Sou nada, vivo nada,
Nada é minha fala e jamais estarei certo.
Leio e releio o que digo e penso: cara, por quê?
Aos absolutos, adeus.
Aos filósofos, adeus.
Pois que o meu Deus é de incertezas
E não de vãs verdades,
Está sempre a esmiuçar toda a possibilidade.
A vós crentes, deixo o que sou...
Nada, apenas nada e nada mais.
Me desconsiderem, pois sou o que sou, nada.
E o que sois?


S. Quimas

2 comentários:

JOSÉ ROSÁRIO disse...

Corajoso e sempre muito honesto!
Como sempre é preciso ser.

S. Quimas disse...

Agradeço a sua leitura e comentário, José Rosário. Luz e paz. Grande abraço.