quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Aos poucos vai se apagando a vela



Aos poucos vai se apagando a vela.
É assim, consumida toda a cera.
Mas, a luz se faz mais intensa
E há claridade na escuridão das noites.
Nada é tão intenso
Como o sonho da Eternidade porvindoura,
Não há maior delírio.
Não, não há.
A vela clareia tempos
Que se perdem no eco de existências muitas,
Desvela segredos e formas.
Algo de melancolia em sua chama,
Pois tudo o que se recorda
Se esvai no tempo.
Estou partindo a cada instante
E, em mim, a todo momento
Outro vem.
Não pertenço a mim mesmo,
Sou deus de contínua metamorfose,
Imagem de um caleidoscópio
Que usa das mesmas peças,
Mas jamais replica no infinito
A mesma imagem.
O corpo já não suporta mais a Luz,
Essa cega a vida.
A vida o que é?
Vela...
Chama acesa na escuridão de um dia claro de sol.

S. Quimas

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