sábado, 18 de abril de 2015

Tenha misericórdia de mim



Tenha misericórdia de mim.
Tenha misericórdia não pelos meus erros,
Mas minha petulância de achá-los acertos,
Por todas as certezas minhas,
Pela minha alienação e pelos muitos preconceitos,
Pelas falhas imensas de não agir
E ter me acovardado ante o óbvio,
Pela luta por meus próprios interesses
E abandono da consciência da Totalidade.
Tenha misericórdia, pois falho naquilo que sou maior,
Em tudo o que sou grande
E, principalmente, por desconhecer os meus limites
E não ter a necessária humildade
De ajoelhar perante a pequenez que sou
Frente à infinitude do Universo e toda a sua idade.
Misericórdia para com os meus vícios e costumes,
Para com a miséria de meus saberes,
Para com a inglória luta contra meus deslizes contumazes.
Misericórdia para comigo apenas,
Pois que não sou digno dos dons que recebo,
Das horas que vivo,
Nem sequer das dores e angústias que sofro e passo.
Misericórdia, jamais me tire o poder
De ver na flor beleza
E em mim esperança, jamais.
Que continue em minha alma gritando música e poesia.
Que meu ser seja parido arte,
Ou me devores e me destrua para sempre.
Prefiro o Nada
A existir sem sentir...
Nem que seja o punhal,
Pois do fio teço tramas
E mil incontáveis histórias.
Que eu padeça da loucura para sempre,
Mas que da vida todas as glórias,
Seja eu capaz de representar.
Ainda que farsa, que sonho,
Luz, ou sombria escuridão,
Mas que jamais se cale
De versos o meu coração.

S. Quimas

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