sábado, 9 de agosto de 2014

Passa um rio em minha vida

Grigory Karpovich Mikhailov - Prometeo


Passa um rio em minha vida,
Mas o que corre em seu leito
Não são águas
Nada senão as tantas mágoas
Que trago em meu peito.
Não são mágoas de ti,
Meu amor, eterno amor,
São as todas que a vida
Me fez sangrar.
É essa dor de não te ter,
De não poder te tocar.
Esse abismo que é a tua ausência,
Onde esparjo as lágrimas do meu desespero,
Onde jaz a denúncia de todo o meu sofrimento.
Da escuridão nascem todas as minhas horas
E não conheço outra luz
Senão a tua imagem em minha lembrança.
Do fosso do inferno de minha agonia,
Grito em vão o teu nome,
Pois tu não me respondes
E tua voz em meu pensamento
É sepulcro onde enterro minhas perdidas esperanças.
Se tu soubesses... Ah, se tu soubesses
A grandeza do meu amor!
Se pudesses sentir
A grandeza da paixão que me estrangula,
Que me arresta o coração,
Que me encarcera por completo.
Elos de um amor que partiu ainda mal vindo.
Nada a mim resta senão,
Como um Prometeu acorrentado,
Ver-me constantemente ser dilacerado
E suportar a atroz tortura
De te ter sempre na memória
E de não te ter em meus braços.
Assim é o fado que a vida me impôs,
Assim é o inglório passar dos meus dias.
Não há esperança,
Só há as minhas muitas preces,
O clamor de toda a misericórdia pedida
E o silêncio compassivo da boca de Deus.

S. Quimas

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