sábado, 16 de agosto de 2014

Dane-se a filosofia

Cristo no Limbo - Hieronimus Bosch


Dane-se a filosofia. O mundo é tosco. Feliz o ignorante. O mundo é de todos os acomodados, dos iludidos.
O mundo não é para a luz, criaturas que rastejam nas sombras não a quer.
Conhecimento nenhum traz felicidade em um mundo que regurgita sua excrecência e acha que isso é normal. Normal, sim, num mundo de descabidos que pouco se importam em transcender às suas mesquinharias.
Pobre raça humana, tão perfeita com sua tecnologia.
Abissais que nunca saíram das cavernas de seu egoísmo, da vaidade de se considerarem maiores do que os quatorze bilhões de anos de um Universo que os precedeu e toda a construção que o circunda.
Melhor o vício do que a virtude planejada, aquela que é alimentada pela culpa e pelo condicionamento.
Quem já questionou em sua existência: é assim? Por quê?
Não. É muito mais cômodo citar os outros para apoiar a sua conivência com o ócio mental, do que ter o trabalho de refletir e tomar atitudes moldadas em suas próprias conclusões.
A sabedoria traz compreensão, mas não deixa a submissão encontrar caminho por entre as salas da alma. Saber o outro é algo, compactuar com sua inércia é outra coisa completamente diferente.
Na realidade tudo isso é mera perda de tempo, mas não escrevo para ninguém. Escrevo para mim, e às vezes nem mesmo. Escrevo por uma necessidade absurda de escrever absurdos. Minha alma fez pacto com o demônio da palavra. Que seja.

S. Quimas

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