quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Longe do teu abraço, falsa amiga!



Longe do teu abraço, falsa amiga!
Tu que me provocas ao teu aconchego
E me ofereces uma pretensa eternidade,
Pois que és em verdade apenas túmulo,
Rigidez de corpos sem fôlego, inanimados,
Habitação de podridão e casa de ossarias,
Fim de toda e qualquer esperança,
Fado de tudo o que vive nesse mundo.

De ti nada eu quero,
A ti eu nada peço,
Senão a distância.
Não te temo,
Sei que no fim vencerás
Sobre a minha relutância,
Mas que seja quando
Todas as minhas forças
Forem por completo esgotadas.
Pelo momento,
Mantenha-te longe de mim.

A vida não é senhora tão fácil,
É uma amante de custo bem alto,
Mas seus gozos superam em muito
As dores e os pesares que causa.
Mesmos para as dores,
As que tenha, transformo em poesia.
Se uma amante me é negligente no prazer,
Tenho a outra,
Essa mais fiel e companheira.
Não se importa a quem me entrego,
Pois em toda minha entrega está presente.
É assim a vida de poeta,
Uma constância de versos,
Gozo sem fim
E até com as piores coisas,
Ainda assim, orgasmo, êxtase.

Permanece então, Morte,
Ainda que na espreita,
Mas que estejas distante,
Que eu não encare a tua face.
Sei-me mortal,
Assim é meu corpo,
Tenho a passagem certa,
Comprada em antecipado,
Mas ainda não é hora
Da minha nau, enfim partir.

S. Quimas

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