sábado, 28 de fevereiro de 2015

Há uma coisa em mim que é fumo

Renascer: Amanhecer no Pinheiral - S. Quimas


Há uma coisa em mim que é fumo,
Uma lânguida oposição ao caminhar,
Uma doçura, razão para a total inércia.
É como um pão doce na vitrine de uma padaria,
Só gula, imergir no prazer do sabor,
Fazer-me render a ele totalmente.
Não sei o que digo, pois a loucura me domina
E meus versos não são mais razoáveis.
Sou vizinho da morte
E com ela tenho boas relações,
Quase aconchego.
Nada há de mórbido em meu pensamento,
Inevitável.
A bruma que escorre pela montanha,
Como leite que vasa pela teta da vaca
É branco.
Transformo em poesia
O texto que não replico em meu viver.
Nada, absolutamente nada
Tem importância alguma.
Mistério em mim mesmo,
Construções lúdicas de meu pensamento.
Nada a se entender,
Pois os versos fluem
E não há inteligência neles.
Não procuram sobreviver,
Que sejam momentos de tempo nenhum,
Mas totalmente meus.
Que não tenham significado,
Que sejam apenas versos
De um tempo não vivido,
Mas que calem em algum coração,
Como aquela canção que se repete,
Aquele que não abandona a mente,
Quando se acorda e quando o dia se finda,
Que seja, apenas verso
E nenhuma poesia.

S. Quimas

2 comentários:

JOSÉ ROSÁRIO disse...

Belos, tanto o falar quanto o ver.
Parabéns!

S. Quimas disse...

Obnrigado, José Rosário. Luz e paz. Um abraço.