sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Algo em mim é renúncia



Leonardo Da Vinci - O homem vitruviano

Algo em mim é renúncia,
Outro desejo incontido de poder.
Algo me mata,
Outro me faz viver.
Todos algos me fazem ser o que sou,
Outros me invadem deformando.
Como estátua de cera,
Depositada em um museu,
Represento algo,
Mas vejo a angústia do não-ser.
Na arte há sonho,
Porém também padecimento,
Algo de fome, jamais satisfeita,
Alimento que não sustenta estômago,
Vilania de não conformidade.
Algo em mim busca,
Outra se paralisa completamente
E ainda assim se move
Na imponderável falta de gravidade
De uma inexistente e absoluta
Falta de toda atração.
Existe em mim respostas,
Contudo as dúvidas lhes superam.
Vou assim seguindo, controvérsia.
Não sei a felicidade anunciada
Pelas propagações de benesses.
Não há em mim religião,
Esperança de promessas,
Há o que vivo,
Eterno rascunho,
Um traçar planos,
Féretro de inconclusos devires.
Talvez seja isso
O que de fato me alimenta e me sustem.
Não sou nada
E ao mesmo tempo absoluto.
O que passa é extinto,
Sou mais absinto e abismo.
A queda é fácil,
Mas no voo me sustenho,
Pois de tudo em mim desdenho.
Na poesia a rima incerta,
Como toda a minha vida é.
Não há esperança,
Sou o que sou,
Um sempre vir a ser.

S. Quimas

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