sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Eu não quero mais saber de coisas

Caravaggio - A cabeça da Medusa


Eu não quero mais saber de coisas
E nem mais lutar por causas,
Quero saber de mim,
Enquanto há tempo de me viver.
Aprofundou-se em meu ser
Um egoísmo que corre atrás do prejuízo
De não ter-me vivido.
Meu pensamento é navalha
Que esquarteja os restos que sobraram
Do arremedo de mim mesmo que fui.
Podia tanto... E nada.
A pior piada?
Justo, convivo para sempre comigo mesmo.
E sempre é quando?
Imponderabilidade temporal.
Deixo versos, rastros turvos
Das desigualdades de minha alma.
Dos arrependimentos, o único que significa algo,
É ter me revelado,
Ter mostrado meu lado humano
Frente às víboras que espreitam
Na escuridão de meus dias.
Chega... Basta.
Sou um buraco negro sorvendo a luz,
Um poente a caminho da escuridão.
Que seja breve, que se alonguem minhas pernas,
Que o caminho finde.
Não há mais flores,
Só a minha cegueira.


S. Quimas

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