terça-feira, 24 de maio de 2011

Luíza

Arte: Reclamation - Brad Kunkle


Eu já não tenho medo, Luiza!
Já não me cubro de ouros
e de pieguices, que só os tempos,
e só as auroras de muitos dias vividos,
teimam em testemunhar.

Já não sou teu poeta preferido,
se algum dia já o fui.
Sou esta pálida lembrança
entre o gozo pressentido
e o o orgasmo não realizado,
nestes dias teus de agora.

Veja bem, Luiza,
que não se acabem estas horas,
que tua existência é apenas
uma lembrança,
pois que posso te olvidar.
E, entre o sonho e a ternura
que por ti alimento,
possa não restar senão
esta poesia infame,
que não é senão
a saudade da pureza que sinto
de todo o sentimento
que nutri
na vã esperança de ter encontrado, enfim,
o derradeiro amor,
que jamais nutri, ressabiado,
por ti e por todo alguém,
por tua e lembrança alguma.

Luiza, ainda tenho
teu cheiro em meu nariz.
Melhor declaração de amor?!

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