segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Construindo o Edifício da Paz - 2(b)

Leopold Carl Müller - Mercado no Cairo, 1878.


2. A Sociedade

Segundo o Grande Dicionário Etimológico-Prosódico da Língua Portuguesa, de autoria do filólogo Francisco da Silveira Bueno, sociedade é “O conjunto de indivíduos que vivem juntos sob o regime de direitos e deveres recíprocos. Grupo de pessoas que se unem para obter um mesmo fim, um mesmo objetivo, cooperando cada qual com as suas atividades, trabalhos e posses...”.

Fundamentalmente, para que se organize uma sociedade é essencial que esta tenha por base um conjunto de regras, que equilibre e harmonize as relações entre os indivíduos. Toda a prática social é regulada com a finalidade de favorecer atingir os objetivos comuns, mas sem gerar prejuízos aos indivíduos que compõe a sociedade.

No Mundo-Família que habita o Edifício da Paz, nenhum dever é imposto, pois cada indivíduo se apercebe do seu papel e assume espontaneamente perante toda a sociedade as responsabilidades que lhe cabem, pois sabe o quão importante é o papel que desempenha para o equilíbrio dos demais, para o cumprir das metas objetivadas.

Neste Mundo, todos os indivíduos se amparam mutuamente, procurando suprir as deficiências comuns, trazendo soluções aos problemas, fato inerente a todo ato criador. Todo indivíduo, desde aqueles que se dedicam a atividades de manutenção, como coletores de lixo, varredores de rua, capinadores, até aqueles que planejam, estão conscientes que de seu desempenho surge a possibilidade de toda a conquista. No Mundo-Família não existem escalas de indivíduos, mas multiplicidades de modos de cooperação.

Cada pessoa está plenamente em posse de seus direitos e têm-nos como uma oportunidade de ampliar o seu potencial de desenvolvimento como Ser e de poder cada vez mais amplamente ser cooperador da sociedade onde atua, pois, antes de tudo, seus direitos estão fortemente alicerçados no bem-comum.

No Edifício da Paz não há o conceito de deficiências, não como comumente se define tal tema. Neste Edifício, toda a insuficiência é abordada como uma proposta à superação e não como causa de humilhações, exclusões e abatimentos.

Onde impera a boa-vontade, até a árvore que, por contingência, está incapacitada de produzir maiores frutos, também é aproveitada.

Neste tipo de sociedade se planeja levando-se em conta, principalmente e antes de tudo, o bem-comum. Todas as ações visam o equilíbrio e a harmonia de todos os que a compõe e não o favorecimento de um indivíduo ou de uma classe. Todos são solidários com todos.

Cada diretriz a ser implementada é exaustivamente meditada, até que reflita integralmente o melhor modelo, aquele que produza em um determinado momento o melhor efeito e se traduza em um maior benefício. Estas diretrizes surgem como uma aspiração ao máximo desenvolvimento social e não como uma imposição derivada de um estereótipo alienígena ao núcleo onde serão orientadoras das ações. Toda a solução de adequa ao meio e ao momento de sua aplicação.

No Edifício da Paz a sociedade se organiza tendo por motor a cooperatividade e a partilha justa dos frutos. Nele ninguém passa individualmente necessidades, pois estas estarão atendidas e toda a riqueza é um bem comum. E, principalmente, todos têm acesso a esta riqueza. Nele também não há desperdícios, pois as sobras de um compartimento são compartilhadas com os outros que careçam naquele momento daquilo em que outro se produza em abundância.

A solidariedade é irrestrita e está alheia a matizes filosóficos individuais, a condições de natureza étnica, etária, sexual, intelectual, ou outras, relevadas pelo preconceito.

No Edifício da Paz as pessoas se distinguem pela sua capacidade de amar ao semelhante, de esforçar-se belo bem de todos, de criar condições para o bem-estar comum. Nele, o maior prêmio é a convicção de que se cumpriu o seu dever o mais brilhantemente possível visando o desenvolvimento de uma sociedade justa, ordeira e fraternal.

Nele, quem capina a rua, se esmera para que as vias públicas estejam livres de ervas que prejudiquem o asseio e a estética. Quem coleta o lixo — casual nas ruas, pois todos se esmeram, evitando lançar detritos em vias públicas — sente-se orgulhoso, pois sabe o quão é essencial o seu trabalho na manutenção da higiene e saúde da sua sociedade. Aqueles que educam estimulam a criatividade e a sensibilidade, criando condições propícias ao pleno desenvolvimento de seus educandos e por tal, são gratificados com justiça e não, tratados com desprezo e irrelevância, fato tão comum em países que ainda não se aperceberam o quanto a educação é fundamental para o seu desenvolvimento.

Planejamento e organização são a pauta de todos os dias no Edifício da Paz, pois todas as ações são integradas com o fim de atender plenamente a todas as necessidades da sociedade e a favorecer o pleno desenvolvimento de todos os indivíduos que a compõe. E se sabe que sem estes dois basilares, jamais se terá uma sociedade justa, ordeira, pacífica, produtiva e benévola. Que sem tal suporte é inevitável a desagregação e a extinção de qualquer civilização.

Que a Paz esteja contigo.



S. Quimas

2 comentários:

JOSÉ ROSÁRIO disse...

Ótimo texto!
Que a paz esteja contigo também!

S. Quimas disse...

Contigo, José Rosário, a paz também esteja.
Abraço grande.