quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Construindo o Edifício da Paz - 1



Dois elementos são fundamentais na construção de um edifício: colaboratividade e cooperatividade.

Colaboratividade

O Edifício da Paz se constrói com a colaboração de todos. Não é obra do individualismo, mas da união de todos em prol do bem-comum. E pode-se colaborar a partir de pequenos gestos e pequenas ações empreendidas no dia-a-dia.

A Paz, tal qual um edifício, é composta por pequenos elementos, que juntos criam as fundações, que darão suporte a uma civilização pacífica e ordeira. Estes elementos, como as pequenas pedras que formam a base de concreto, que dará sustentação ao imenso edifício, que sobre ela se apoiará, fazem parte de um exercício diário, centrado no objetivo de alicerçarmos um mundo melhor. Independem de fatores externos, como políticas tradicionais, religiosidade, ou qualquer “ismo”. Dependem somente de boa-vontade e determinação, baseados na solidariedade e união.

Se todos colaborarem com a sua cota de trabalho, rapidamente construiremos as bases desta civilização, a principio tida como utópica, entretanto se acreditarmos e contribuirmos na sua concretização, realizável.

Mas, que gestos são estes, que apesar de serem mínimos, podem exercer tanta influência, sendo capazes de dar vida e realidade a uma utopia?

Organizar. Nada se constrói sem ordem. Devemos aprender a organizar nosso dia, nosso meio, nossa vida.

Muitas vezes, sobrecarregados pelos problemas cotidianos, envolvidos completamente por eles, alienados da vida, perdemos o contato com a nossa consciência e passamos a reger nossas vidas por pensamentos e atitudes reflexas, sem ponderação e muitas vezes, sem moderação, de modo compulsivo.

Para que retomemos o controle de nossas vidas, primeiramente, temos que reorganizar o nosso ambiente, principalmente o interior. Devemos anotar as causas de nossos desequilíbrios e dar solução.

Claro, que isto não será feito numa manhã. A proposta é para toda a vida, para que operemos realisticamente, voltados verdadeiramente em alcançarmos este equilíbrio tão desejado, mas tão pouco objetivado em nossos pensamentos e ações.

Se num dado momento, por exemplo, não podemos sanear as nossas pendências materiais, devemos planejar como poderemos amortizar o déficit. Muitas vezes isto exige sacrifícios, porém, se realmente se deseja a solução, haver-se-á de fazê-los.

Dado o primeiro passo, estamos preparados para sermos realmente úteis e transportarmos as Armas da Paz e colaborarmos para a Paz se torne real, tanto em nossas vidas, quanto na dos demais seres.

Pequenos gestos pela Paz. Acontece de ao chegarmos em casa, encontrarmos algo caído no chão, muitas vezes devido a uma rajada de vento algo cai da mesa ou da estante. Quantas vezes resmungando, passamos por cima e simplesmente damos às costas, dizendo não termos nada com isto.

Somos livres para assim faze-lo, porém, acima de tudo, somos livres para assumirmos a responsabilidade de realizá-lo. A nossa casa é parte integrante do Edifício da Paz. É nela que começamos a aprender e experimentar as Armas da Paz na criação de uma nova civilização. Omitir-se é perder a oportunidade de realizar, de participar ativamente na construção do nosso edifício.

Quem tem crianças em casa, sabe como elas são. Adoram brincar e quando brincam, muitas vezes largam atrás de si uma grande bagunça. As Armas da Paz pedem colaboração na manutenção da ordem e na organização do ambiente e não gritos e ameaças. Simplesmente, ao invés de gritarmos, de modo a constranger a criança para que ela recolha os brinquedos e de fim à bagunça, devemos pedir que ela colabore conosco, ajudando-nos a reorganizar o ambiente. As Armas da Paz pedem que contribuamos, ensinando pelo exemplo a virtude da colaboração. Estas armas jamais constrangerão, submeterão. Elas sempre buscarão o consenso e educarão para o bem, principalmente através do exemplo.

Não nos custa ajudar o próximo: emprestarmos algo aos nossos vizinhos, carregar as bolsas de compras de alguém sobrecarregado, cumprimentar com um sorriso às pessoas, demonstrar interesse real pelos outros, estar sempre aberto a ser útil nos ambientes que convivemos.

Muitas são as Armas da Paz, mas sem dúvida, as suas maiores são os menores gestos, as pequenas atitudes. Um bom dia sincero muitas vezes transforma uma manhã tempestuosa em um dia feliz.

Cooperatividade

Exercitando a colaboratividade, passamos a estar aptos à cooperatividade.

O fundamento de uma cooperativa é a união de todos os cooperados com o objetivo de alcançar o maior bem possível e distribuí-lo de forma justa entre si.

A cooperatividade visa organizar os meios e realizar a finalidade, que é retornar o produto das ações em benefícios multiplicados para todos. Distribui responsabilidades segundo a capacitação e vocação de cada um, jamais abusando, nunca reprimindo ou coagindo, e sempre recompensando de forma absolutamente justa a quem coopera.

Na cooperativa do Edifício da Paz, todos trabalham segundo sua função para o bem-comum, todos se amparam, todos contribuem para a ordem, todos são solícitos em prestar ajuda. Nela o individualismo dá lugar à união de todos, pois os cooperados sabem que somente unidos realizarão algo que perdure. Nela não se lamenta o mundo não ser o ideal, nela se planeja e se trabalha com o objetivo de que isto se realize.

O Mal atua, muitas vezes preponderando, devido a acreditar firmemente nas suas convicções e, com base nisto, opera diligentemente para atingir os seus fins. Quando os Soldados da Paz tiverem sinceramente incorporado em si, a crença de que podem construir uma civilização benévola e justa, moldada nos princípios do amor, da verdade, da beleza, da fraternidade, da conservação da Natureza e de seus recursos, e do respeito para com todos os seres, não haverá mais terreno para os empreendimentos do mal, pois o Edifício da Paz ocupará o mundo inteiro.

Que a Paz esteja contigo.


S. Quimas

Observação: Esta série de ensaios sobre a paz foi escrita pelo autor e publicada como colaboração ao Movimento Mundial Armas da Paz.

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