Decapitou a mãe, tomado pela furiosa ânsia gerada pela ausência dos vapores das pedras do dragão.
Em sua mente deformada, sentiu-a feito muralha fortificada que se contrapunha à sua brutal necessidade de dar vazão à exigência soberana de seu vício. Ao ter sido negada pela genitora a quantia berrada aos ouvidos dela, de olhos injetados e faces incendiadas, esmurrou com violência brutal a mulher indefesa, que com o rosto tomado pelo sangue abundante, vindo do nariz esmagado, tombou desacordada no chão.
Antes de se afastar por alguns instantes da cena abominável, covardemente desferiu contra a vítima três ou quatro chutes, que atingindo o flanco, fraturaram várias costelas da velha senhora. De imediato, uma das costelas perfurou o pulmão esquerdo de sua mãe, provocando a hemorragia fatal, fato comprovado posteriormente na autópsia.
Foi à garagem, e depois de alguns minutos, ainda movido pela turvação que lhe toldara por completo o juízo, retornou à casa e, de modo bestial, com vários golpes de facão, arrancou a cabeça da vítima. Em seguida, atirou a ferramenta a um canto do aposento e, partindo apressado em direção à rua, não sem antes vasculhar os bolsos da mulher assassinada na vã esperança de encontrar algum dinheiro oculto. A bolsa já havia revistado antes do crime.
Perambulou sem direção durante horas. Foi preso, adormecido num canto de rua.
A quem lhe observava, apenas mais um indigente, um drogado anônimo desfalecido na calçada. Nas mãos e respingado pela roupa, o mesmo sangue que lhe alimentara no útero materno. Naquele momento, ouvia em sonho, uma canção: "Nana, neném. Neném do coração...".
S. Quimas
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